Personagem inusitada do Recôncavo Baiano, a cafetina Renildes Alcântara dos Santos, conhecida como ‘Dona Cabeluda’, foi sepultada na última terça-feira (7) em Cachoeira, na Bahia. Morta na segunda-feira (6) por um infarto fulminante, Dona Cabeluda era proprietária de um ‘inferninho’ com regras rígidas e, por isso, acabou sendo reconhecida na comunidade local.
Renildes nasceu em Itabuna, no Sul da Bahia, e conviveu desde cedo com a violência. Aos 12 anos, fugiu de casa por conta dos espancamentos sofridos. Pouco depois, se casou com um homem de 30 anos que também a agredia constantemente. Cansada da violência, Renildes decidiu deixar a filha com a família e se separar do companheiro.
Vídeo: cafetina famosa do Recôncavo Baiano, Dona Cabeluda é velada por milhares de pessoas ao som de Rita Lee
— Itatiaia (@itatiaia) May 8, 2024
🎥Redes sociais pic.twitter.com/F3Cnrxio4x
Inicialmente, Renildes trabalhava com a venda de bebidas na praia. Porém, pouco depois, começou a trabalhar como acompanhante em ‘bregas’, que é como são chamadas as casas de prostituição no Nordeste. Renildes passou por Aracaju, Feira de Santana e Candeias antes de morar em Cachoeira, cidade a 120 quilômetros da capital Salvador.
Em Cachoeira, Renildes passou a comandar um ‘brega’ com regras rígidas, onde eram proibidas confusões, som alto, consumo de drogas, menores de idade. Ela nem mesmo cobrava o percentual das acompanhantes que trabalhavam no local. Por ter cabelos longos e muitos pelos no corpo, Renildes acabou sendo apelidada de Dona Cabeluda, como também ficou conhecido seu ‘brega’.
Nesta terça (7), o corpo de Dona Cabeluda foi velado na Câmara de Vereadores de Cachoeira. De lá, o caixão seguiu em cortejo até o cemitério. O trajeto foi acompanhado por milhares de pessoas e também por uma caixa de som que tocava a música ‘Pagu’, de Rita Lee, que faz referência à uma escritora brasileira pioneira no feminismo.