A ex-jogadora de vôlei Waleska recebia uma ‘mesada’ do marido, de valor bem menor do que ganhava pelo trabalho que fazia, revelou à Itatiaia o melhor amigo da jogadora, Luiz Gustavo Del Maestro. Sete meses depois da morte da melhor amiga, Luiz Gustavo falou pela primeira vez à imprensa nesta quinta-feira (2), rompendo o silêncio que adotou desde a morte dela. ‘Sou padrinho de casamento dela. Estou fazendo isso porque sei que ela faria o mesmo por mim. Quero falar a verdade sobre a amiga que eu tive durante 25 anos’, disse ele, emocionado, durante a ligação.
Luiz Gustavo relembra como foi informado sobre a morte da amiga por
‘Mesada’
Ricardo é descrito por Gustavo como uma pessoa muito apegada ao dinheiro. Em uma conversa com o então marido de Walewska, Gustavo questionou como estava a vida financeira do casal: ‘a minha está ótima, a dela uma merda’. Além disso, a ex-jogadora receberia uma ‘mesada’ de cerca de R$ 20 mil. O amigo de Walewska estranhou a situação já que, além da ex-jogadora chegar a receber R$ 120 mil por mês, Walewska e o amigo tinham uma relação muito franca quando o assunto era dinheiro: ‘a gente emprestava dinheiro um para o outro. Ela teria me falado se estivesse passando dificuldades’.
Em outra conversa, Ricardo teria afirmado que estava ‘aliviado’ e, ao mesmo tempo, afirmou ser de certa forma ‘culpado’ pela morte da ex-jogadora. O empresário, porém, não se estendeu no assunto.
Luiz Gustavo era próximo de Walewska
Últimos dias e revelação em carta
Gustavo conta que, dias antes da morte de Walewska, ele a chamou para conversar, porém, ela não teve tempo de encontrá-lo por conta da agenda de gravação de podcasts e outros trabalhos. Antes de tirar a própria vida, a atleta escreveu cinco cartas, endereçadas aos pais, ao irmão, ao treinador Bernardinho, ao marido e a ele, Luiz Gustavo.
Na carta, Walewska revelava a decepção ao descobrir, por meio de uma mensagem no Instagram, que o marido tinha um caso extraconjugal e, além disso, um filho de oito meses com a amante. A ex-jogadora sonhava em ser mãe: ‘ela disse na carta que Ricardo a decepcionou mesmo após ela dedicar 20 anos da vida dela a ele, e também pediu desculpas por não compartilhar os últimos momentos dela’.
‘A decepção e a dor dela era tão grande que ela não queria continuar aqui para ver o circo pegar fogo’, disse.
Cobrança de aluguel
A polêmica mais recente envolvendo o nome da ex-jogadora de vôlei foi a informação de que Ricardo Mendes, viúvo da atleta, teria a intenção de cobrar aluguel dos pais de Walewska, que vivem atualmente em um imóvel registrado em nome da filha. ‘Até a eventual desocupação do imóvel”, Maria Aparecida Moreira e Geraldo Vieira de Oliveira, pais de Walewska, devem realizar o pagamento de aluguéis e “prestar contas de todas as obrigações avançadas, notadamente a de quitação das taxas de condomínio, IPTU, contas de água, luz, dentre outros’, diz um trecho do documento obtido pelo Portal Léo Dias.
Para Gustavo, essa cobrança é uma forma de Ricardo atingir o melhor amigo da ex-jogadora e, além disso, vai contra feito um compromisso feito por Ricardo: ‘eu falei com ele para ele cuidar dos pais dela. Walewska pediu na carta para ele cuidar dos pais dela’.
Outro lado
A Itatiaia entrou em contato com o advogado que representa Ricardo Mendes, por telefone e e-mail, buscando a versão do viúvo de Walewska. Até a publicação desta reportagem não houve resposta. O espaço segue aberto.
Walewska trocou mensagem com o marido minutos antes de morrer
Poucos minutos antes de morrer, Walewska trocou uma última mensagem com o marido, Ricardo. Na ocasião, a ex-jogadora disse amar o esposo e comentou sobre a decisão dele de se divorciar.
Às 18h07 (de Brasília), Walewska enviou uma mensagem no WhatsApp para Ricardo com a seguinte frase: “Amo você. Mas, acho que você já tomou a sua decisão”. No mesmo minuto, Ricardo respondeu com um “Também te amo”.
De acordo com as investigações, Walewska caiu do 17º andar do prédio em que morava oito minutos após enviar a mensagem ao marido.
No Boletim de Ocorrência (B.O) sobre o caso, os militares presentes no local consideraram como “dúvida razoável” a hipótese de a campeã olímpica ter se jogado do edifício. O documento diz ainda que Walewska
A polícia relatou que, conforme imagens de câmeras de segurança, Walewska acessou o 17º andar do condomínio às 16h50 (de Brasília) da última quinta-feira (21), no mesmo dia da morte. Ela carregava consigo uma garrafa de vinho, uma taça, uma pasta e seu celular.
A última conversa do casal no WhatsApp foi divulgada por Ricardo em entrevista ao UOL.
Relacionamento estava desgastado
Aos policiais, Ricardo afirmou que eles estavam casados há aproximadamente 20 anos, mas que o casal passava por problemas, e ele tinha a intenção de se divorciar em breve.
Além disso, conforme relato do marido, a ex-jogadora da Seleção Brasileira era “compulsiva por compras” e havia “dilapidado boa parte do dinheiro que conseguiram durante os anos de casado”.
História de Walewska
A ex-jogadora foi revelada pelo Minas, em 1995 e ficou no clube até 1998. Ela voltou ao time da capital mineira em 2014 e ficou até o ano seguinte. A meio-de-rede ainda defendeu Rexona/Ades, São Caetano, Sirio Perugia da Itália, Murcia da Espanha, Zarechie da Rússia, Vôlei Futuro, Vôlei Amil, Minas, Osasco e Praia Clube, onde encerrou a carreira em 2022.
Walewska também teve duas passagens pelo Praia Clube, de Uberlândia. A primeira foi entre 2015 e 2018, quando conquistou o título da Superliga Feminina de Vôlei pela segunda vez na carreira (ela já havia sido campeã em 2000 pelo Rexona/Ades).
A última passagem de Walewska pelo Praia Clube começou em 2019 e terminou no ano passado, quando ela anunciou a aposentadoria.
Walewska foi duas vezes campeã da Superliga (1999-2000 e 2017-18). A meio-de-rede ainda levantou as taças da Supercopa (2019, 2020 e 2021), do Troféu Super Vôlei e do Campeonato Mineiro (2019 e 2021).
Super campeã pela Seleção Brasileira
Walewska defendeu a Seleção Brasileira durante boa parte da carreira. A primeira convocação foi em 1999, com Bernardinho. No mesmo ano, ela conquistou o título dos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá.
O auge da carreira de Walewska foi o título dos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, na China. Ela também ganhou a medalha de bronze nos jogos de 2000, em Atenas, na Grécia.
Ela também conquistou três vezes o título do Grand Prix de Vôlei: 2004, 2006 e 2008. Na última conquista, foi eleita a melhor bloqueadora do torneio.