O delegado Rivaldo Barbosa, preso nesta domingo (24) por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assumiu a chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro exatamente um dia antes do atentado. Rivaldo foi alvo de mandado de prisão, assim como o deputado federal Chiquinho Brazão e seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, Domingos Brazão.
Rivaldo Barbosa atuava como subsecretário da Subsecretaria de Inteligência da Segurança do Rio de Janeiro quando foi convidado pelo General Walter Braga Netto, então interventor federal do RJ, para assumir a chefia da Polícia Civil. O nome de Rivaldo foi anunciado no dia 22 de fevereiro e ele assumiu o cargo no dia 13 de março de 2018. Na madrugada do dia seguinte, Marielle e Anderson foram mortos a tiros no Centro do Rio de Janeiro.
O delegado permaneceu no cargo de março a dezembro de 2018, justamente nos primeiros meses de investigação do caso. No dia seguinte ao assassinato, Rivaldo Barbosa se reuniu com o então deputado estadual Marcelo Freixo e outros parlamentares do Psol para garantir que o caso seria solucionado ‘o mais rápido possível’. Familiares de Marielle também participaram do encontro.
‘Estamos diante de um caso extremamente grave que atenta contra a dignidade da pessoa humana, que atenta contra a democracia. Quero agradecer ao deputado Marcelo Freixo por ter vindo à chefia da Polícia Civil, é uma demonstração de apreço e respeito pela instituição. Vamos adotar todas as formas possíveis e impossíveis para dar resposta a este caso gravíssimo.’
Chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro é suspeito de atuar para acobertar os mandantes da execução de Marielle Franco; na foto, ele aparece sentado (de gravata vermelha) ao lado da mãe da vereadora
A prisão de Rivaldo e a revelação de que ele pode ter tido envolvimento no assassinato de Marielle suscitaram declarações fortes de pessoas próximas a vereadoras. Marcelo Freixo, atual presidente da Embratur, afirmou que
‘Ele falou que era questão de honra dele elucidar o assassinato. Por questões óbvias, porque a Marielle, além dele confiar, a Marielle garantiu a entrada do doutor Rivaldo no Complexo da Maré depois de uma chacina para ele entrar e sair com a integridade física garantida’.
Já Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco,
‘Ver que as pessoas que participaram no crime nos abraçaram, beijaram e prometeram solução, falaram até que era amigo…isso é um tapa na cara, é pisotear ainda mais. Ele olhou nos olhos, fez promessas. É tão doloroso. Não foram só os cinco presos, tem mais gente que colaborou de alguma forma. Falta muita coisa para a gente ter paz’.