Apesar das mulheres terem maiores índices de escolaridade, elas continuam recebendo menores salários que os homens. Segundo o estudo “Estatísticas do Gênero”, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (8) - Dia Internacional da Mulher -, o rendimento delas foi equivalente a 78,9% do recebido por eles em 2022.
A pesquisa analisou os dados de frequência escolar na idade adequada de homens e mulheres brasileiras. Em 2022, 91,9% dos meninos e meninas de 6 a 10 anos estavam com a idade correta nos anos iniciais do ensino fundamental. Porém, a diferença entre gêneros começa a aparecer com o aumento da escolaridade.
No mesmo ano, cerca de 92,5% das adolescentes de 15 a 17 anos estudavam, contra 91,9% dos meninos da mesma faixa etária. Entre a população de 18 a 24 anos, as proporções eram de 32,6% para as mulheres e 28,1% para os homens.
Na população acima de 25 anos, 35,5% dos homens não tinham instrução ou não tinham concluído o nível fundamental em 2022. Entre as mulheres, essa proporção era de 32,7%. Os percentuais daqueles com nível superior completo, ainda nesse grupo de idade, eram de 16,8% entre os homens e de 21,3% entre as mulheres.
Cursos de exatas continuam com predominância masculina
Mesmo com mais mulheres do que homens no ensino superior, a presença delas continua baixa nos cursos ligados às ciências exatas e à esfera da produção. Segundo o Censo da Educação Superior de 2022, as mulheres representavam 60,3% dos concluintes de cursos de graduação. Porém, elas são apenas 22% dos formandos nas áreas de Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática.
“Nos últimos dez anos, não observamos um aumento da representatividade feminina nesses cursos. Pelo contrário, na área em que há mais dificuldade, que é dos cursos de TIC [Tecnologia da Informação e Comunicação], houve a maior queda, passando de 17,5% para 15,0% de mulheres concluintes”, diz a analista Betina Fresneda.
Porém, as mulheres são a grande maioria em cursos ligados a cuidado e bem-estar, como Serviço Social, a presença feminina é mais forte, chegando a 91% dos concluintes.
A coordenadora-geral do estudo, Barbara Cobo, acredita que as escolhas de carreira das mulheres ainda são um reflexo dos papeis de gênero tradicionais. “São escolhas condicionadas: o fato de serem criadas para cuidar faz com que, mesmo ao entrar no mercado de trabalho, elas acabem selecionando cursos que continuem fazendo cuidado, como se isso fosse uma atribuição feminina”, explica.
Apesar de terem mais estudos, mulheres ganham menos
Mesmo com maiores níveis de escolaridade, as mulheres continuam recebendo menos que os homens. Na média, em 2022, o rendimento delas foi equivalente a 78,9% do recebido por eles.
Segundo o estudo, a maior diferença salarial foi encontrada entre profissionais das ciências e intelectuais. Nesse grupo, as mulheres receberam uma média de 63,5% dos salários dos homens. Já entre diretores e gerentes, que têm os maiores rendimentos do país, as mulheres receberam 73,9% do valor embolsado pelos homens.
De acordo com o analista Leonardo Athias, as mulheres recebem menos até em áreas em que a participação feminina é predominante. “Mesmo na área que tinha maior concentração feminina, que é a de saúde humana e cuidados pessoais, os rendimentos também eram menores, cerca de 61% do rendimento dos homens”, afirma.
O analista ainda completa que a desigualdade salarial em cargos altos impacta o futuro das mulheres. “As desigualdades em cargos gerenciais crescem com a idade das mulheres, quer dizer, acentuam-se ao longo da trajetória de vida delas, impactando em sua remuneração e aposentadoria”.
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