O que você faria se acordasse e desse de cara com um inesperado Pix de R$ 50 mil na sua conta? O desempregado Gustavo Santos Santana da Silva, de 33 anos, demorou pra entender o que estava acontecendo. Morador de Caldas Novas (GO), ele conta que um dia acordou e havia várias ligações e mensagens de um número desconhecido em seu celular. Era Vinicius Eduardo Silva, 31, morador de Itumbiara (GO). Desesperado, ele explicou que estava comprando um carro para o pai ele, digitou errado um número e acabou enviando o PIX pra ele por engano.
“Ele parecia muito, muito aflito. Lembrei na minha namorada que sofre com terríveis crises de ansiedade e não pensei duas vezes. Devolvi a quantia na hora”.
Gustavo contou que está desempregado. Foi aprovado num concurso federal, mas ainda não foi chamado. Então, nos últimos dias, decidiu procurar trabalho enquanto aguarda a nomeação. Quando viu a quantidade de mensagens em seu celular, achou que pudesse ser algum convite para entrevista. Também passou pela cabeça de Gustavo que pudesse estar sendo vítima de uma tentativa de golpe. Só depois de abrir o aplicativo do banco e confirmar o depósito é que a história do “PIX por engano” foi fazendo mais sentido
“Sim, seria ótimo que esse dinheiro fosse meu. Mudaria minha vida, mas não poderia ficar com algo que não me pertence e veio parar na minha conta em função de uma displicência. Não tem nada que pague nossa paz”, falou.
Mas nem todo mundo pensa assim. Alguns amigos de Gustavo o aconselharam a não devolver a quantia. “Recebi até dicas do que eu deveria ter feito se quisesse ficar com o dinheiro e escapar da Justiça. Porém, isso nunca me abalou. Não faria nada diferente”, complementa.
Alívio da família de Vinícius
Do lado de lá, a devolução foi um grande alívio para a família de Vinicius Eduardo. O técnico em tecnologia da informação contou que a família foi até Caldas Novas para finalizar a compra do veículo para o pai. Na hora de fazer a transferência, ele trocou o último número. Digitou 5, em vez de 2… “Percebemos quase no mesmo instante que tínhamos enviado errado, então procuramos uma agência onde meu pai era correntista para pedir ajuda. Chegando lá, disseram que simplesmente não poderiam fazer nada e nos orientaram a procurar o outro banco que recebeu o valor. Fomos até o local e, novamente, recebemos a informação de que não poderiam fazer nada”, conta.
Desesperada, a família procurou a delegacia mais próxima. Lá, foram informados que só poderiam ir atrás de Gustavo caso ele se recusasse a entregar a quantia depositada indevidamente.
“Então, quando falei com o Gustavo, logo percebi que se tratava de um rapaz honesto. Não demorou e ele devolveu a quantia. Para nós, foi um grande alívio, principalmente para o meu pai, que não anda muito bem de saúde”, disse Vinícius.
E se acontecer com você?
A primeira dica é jamais aperte em “confirmar” antes de conferir o nome e sobrenome da pessoa que vai receber. Mas, se acontecer, tente entrar em contato com a pessoa que recebeu o valor e explique o equívoco. Caso uma solução amigável não seja possível, a pessoa que realizou a transação deve recorrer ao banco, uma vez que a instituição possui acesso aos dados do destinatário e pode contatar a instituição financeira vinculada à conta do destinatário, a fim de intermediar a restituição dos fundos.
