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Enem 2023: candidata vai fazer prova a 44km de casa; estudantes se mobilizam na internet para trocar local do exame

Cartões com a indicação do local para fazer a prova foram divulgados nesta semana; saiba o que é possível fazer

Enem 2023: canditatos se revoltam com local de prova

Candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 estão revoltados após a divulgação dos locais de prova, na terça-feira (24). O principal problema é a distância entre o lugar onde moram e o endereço de onde farão a prova.

Esse é o caso da jovem de 22 anos, Fernanda Guedes*, que vai fazer o Enem para tentar uma vaga nos cursos de Medicina ou Biomedicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela mora no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e foi alocada para fazer a prova em um bairro a 44 km do endereço que informou na inscrição. “Moro no Rio de janeiro, na localidade de Jacarepaguá, Zona Oeste. Me alocaram para Santa Cruz. Muito distante”, explicou à Itatiaia.

Além do longo percurso, a estudante se preocupa com trajeto que precisará fazer nos dias da prova, porque a condução que precisará pegar até o local do exame tem sido alvo de violência. Nesta segunda-feira (23), ônibus BRTs da linha que levam até o bairro Santa Cruz foram incendiados."Em Santa Cruz, teve confronto, por causa de uma operação policial, e um miliciano foi morto. O clima está tenso por lá. Um bairro próximo, que infelizmente terei que passar, Campo Grande, na mesma forma, com toque de recolher”, informou.

Para a jovem “o Enem se tornou uma prova de resistência. O foco era apenas a prova, agora é chegar até o local da aplicação”.

Segundo Fernanda*, não faz sentido que ela tenha sido direcionada para um local tão distante, já que nas proximidades da casa dela há escolas municipais, estaduais e universidades que aplicam o exame. Para fazer a prova, ela terá que sair cerca de 3 horas antes do horário.

Mobilização

Fernanda* tem tentado solucionar o problema e trocar o local de prova. Ela ligou para o Ministério da Educação e Cultura e para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). “Primeiro liguei para o MEC, fui direcionada para o Inep. Passei 35 minutos na ligação. No final, pediram para acessar um site e fazer a reclamação de forma detalhada, mas já disseram que não pode e não tem como mudar o local, isso foi dito na ligação. Agora, estou aguardando a resposta pelo site deles”, contou.

Nas redes sociais, Fernanda* tem feito tutoriais para ajudar outros alunos que estão passando por uma situação parecida com a dela. Ela tem publicado threads - sequência de publicações no “X” (antigo Twitter) - e vídeos explicando passo-a-passo como outros candidatos podem entrar em contato com Inep para pedir a mudança do local de prova.

A Itatiaia entrou em contato com Inep sobre a situação, mas não recebeu resposta até o fechamento dessa reportagem.

Em resposta ao jornal Folha de São Paulo, na quarta (25), o Inep informou que vai analisar a situação. No texto enviado ao jornal, o Instituto informou que vai verificar a definição feita pelo Cebraspe (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos), empresa responsável pela distribuição dos locais de prova. Ainda na nota, o Inep informou que vai adotar as medidas necessárias para que todos os participantes inscritos façam as provas desta edição de acordo com as previsões estabelecidas nos normativos que regulam a aplicação do exame.

*Nome fictício adotado a pedido da entrevistada.

(Sob supervisão de Marina Borges)

Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento