Dor, revolta, tristeza e indignação são sentimentos expressados pela copeira Shirley Nascimento Conceição, de 42 anos, mãe de Lucas Nascimento Conceição Silva, conhecido como o rapper LK Metralha, baleado e morto durante uma abordagem da Polícia Militar (PM) no último domingo (15) em Guarulhos, na Grande São Paulo. LK Metralha é segundo filho de Shirley morto pela polícia em um período de três anos.
O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial, resistência e localização de veículo roubado. Um inquérito da PMSP foi aberto para apurar o caso, que também é investigado pelo 1º Distrito Policial de Guarulhos.
“Meu filho era um menino bom. Estava em depressão, e eu tinha internado ele numa clínica. Saiu no último dia 9 e só queria saber de ficar com o filho de quatro meses. Na primeira vez que saiu de casa, foi morto pela polícia. Foi uma abordagem desastrada, despreparada e mal-intencionada, de gente que acha que a vida de quem mora na favela não vale nada. Não tem como não se revoltar”, desabafou Shirley ao G1.
O Boletim de Ocorrência (BO) descreve que LK Metralha pilotava uma moto levando uma pessoa não identificada na garupa. Os dois seguiam pela contramão quando cruzaram com uma viatura da PM. Na versão dos militares, o garupa sacou uma arma e apontou na direção deles. O militar contou que fez um disparo. A bala acertou o braço esquerdo de LK Metralha e perfurou sua axila.
Ainda conforme os policiais, vídeos de câmeras de segurança mostram o garupa da moto pegando algo no chão e fugindo, após a queda da moto. No entanto, imagens obtidas pela família do rapper mostram o garupa apenas fugindo do local. Não é possível ver nenhuma arma.
No BO não há confirmação se as filmagens que os PMs alegam ter visto foram feitas por câmeras nos uniformes dos policiais ou se são de aparelhos instalados em imóveis na região.
A moto usada pelo rapper tem registro de roubo, ocorrido no dia 15 de setembro deste ano no Centro de Guarulhos.