Hoje casada e com três filhos, Ana Carolina Cunha, mãe de Isabella Nardoni, explica que apenas Miguel - o mais velho - entende que teve uma irmã e que ela “virou uma estrelinha”. O pequeno nasceu em 2016, oito anos após a morte de Isabella, que tinha 5 à época do crime.
“Quando eu engravidei do Miguel, o processo foi um pouco mais difícil, ser mãe novamente depois de todo aquele turbilhão”, relembra em entrevista exclusiva à Itatiaia. “Eles sabem que têm uma irmã. O Miguel tem muito mais discernimento em relação a isso, ele sabe que uma irmã dele virou estrelinha, mas eu não procuro levar essa carga emocional para eles, eles são extremamente inocentes”, acrescenta.
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Conforme Ana, quando eles estiverem mais velhos, ela irá contar a história para eles. “Eles não sabem de detalhes. O Miguel sabe um pouco mais, mas a Maria Fernanda não tem noção pela idade. Então eu procuro levar uma vida muito leve com eles, assim como eu levava com ela [Isabella]”, conta.
Para ela, a meta da vida é ensinar aos três filhos o melhor caminho. “Eu procuro criá-los e ensiná-los os princípios do bem, o caminho do bem, o caminho de luz, que é o que eu sempre rezo com meu filho toda noite para que Ele nos guie, para que dê bons ensinamentos, para que eles se tornem cidadãos do bem e eu acho que é isso. A nossa meta é ensinar aos nossos filhos esse caminho”.
Documentário
A história de um dos crimes que mais chocou o país sempre volta à tona quando ocorre algum desdobramento. Em junho deste ano, Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte da criança, teve progressão de pena para o regime aberto - ou seja, responde pelo crime em liberdade. Além disso, nesta semana, a Netflix lançou o documentário “Isabella: o caso Nardoni” que reconta o assassinato da pequena.
Para Ana Carolina Cunha, apesar de ter sido “bem difícil” reviver a história, o conteúdo é uma “oportunidade” de recontar o crime para que ele não seja esquecido. O roteiro é de Claudio Manoel (ex-Casseta & Planeta), que procurou Ana há dois anos para conversar sobre a criação do documentário. “Inicialmente, achei ótimo, porque sempre tive vontade de contar a minha história em um documentário, livro ou filme. Quando ele fez o convite, achei que seria uma ótima oportunidade de contar essa história, que não deve ser esquecida”, diz Ana.
Ana explica que reviver o passado, que jamais será esquecido por ela, foi “bem difícil”, mas que depois de ter recebido ajuda e apoio consegue tocar neste assunto e conversar com as pessoas. “Fiz tratamento por muitos anos e sempre falei sobre o quanto eu me cuidei para poder chegar nesse nível de poder contar essa história”, conta.
Para Ana, o documentário atingiu o “nível” que ela esperava. “Eles foram muito competentes na edição, na tratativa, carinhosos com tudo”, comenta. Ela acrescenta: “eles foram muito detalhistas, não deixaram passar nada”.
Para ela, a história também serve como alerta “para que as pessoas tenham sempre atenção”, apesar de não ter sido o caso dela, mas no sentido de “observar sinais”.
Progressão de pena
Ainda em 2008, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram presos pela morte de Isabella Nardoni e, em 2010, condenados pelo assassinato. Em 2019, Alexandre começou a cumprir regime semiaberto e, em junho deste ano, Anna Carolina conseguiu ir para o regime aberto. Vale lembrar que ele foi condenado a 31 anos de prisão e ela a 26 por homicídio triplamente qualificado e fraude processual.
“O julgamento foi um processo muito doloroso, mas eu vi a justiça sendo feita. Porém, hoje não tenho como lutar contra a justiça do meu país, que tem progressão de pena. Uma pessoa até falou: ‘ela vai sair, ela tem uma vida longa pela frente’. Se eu não me engano, ela também tem 39 anos, é jovem e tem uma vida para seguir com os filhos, poder se reaproximar, estar com eles e essa é a parte que eu não concordo. Se um ente querido não volta para casa, eu acho que a pessoa que assassinou também não deve ter esse direito. Mas eu não tenho o que fazer, infelizmente”, disse Ana.