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Dor, febre e manchas no corpo: sintomas de casal que morreu em SP definem várias doenças

Piloto e dentista morreram dias após visitarem zona rural de Campinas (SP) e Monte Verde (MG); especialistas explicam o que pode ter acontecido com o casal

Casal morreu dias após viagem para Campinas (SP) e Monte Verde

A morte de um casal de Jundiaí, em São Paulo, que apresentou diversos sintomas após viagens para Campinas (SP) e Camanducaia (MG), se tornou um verdadeiro mistério. Douglas Costa e Mariana Giordano tiveram dor no corpo, febre e várias manchas vermelhas, e morreram poucos dias após voltarem do descanso no interior.

Os três principais sintomas apresentados pelo casal são amplos e descrevem várias doenças, tanto que a Prefeitura de Jundiaí aponta três causas iniciais: dengue, febre maculosa ou leptospirose. As amostras biológicas do piloto e da dentista foram levadas nesta segunda-feira (12) para o Instituto Adolpho Lutz, para análise. O instituto já confirmou que Mariana morreu de febre maculosa.

O que matou o casal de Jundiaí?

“As arboviroses têm características clínicas semelhantes”, é o que diz o médico infectologista Carlos Starling. Arboviroses são doenças causadas por vírus que, normalmente, são transmitidos por mosquitos. Dengue, Chikungunya e Zika são as principais, mas o especialista também cita febre amarela e leptospirose.

Starling ressalta que estamos na “época” do carrapato-estrela, que transmite a febre maculosa e é comum em áreas rurais, como as visitadas pelo casal dias antes de morrerem. Ele explica que o quadro de evolução dessas doenças é rápido, encaixando no caso do casal paulista.

“Essa velocidade é normal, a incubação é de 7 a 14 dias. Quando o quadro clínico do paciente abre, há uma evolução muito rápida”

Estevão Urbano, que também é médico infectologista e foi parceiro de Starling no comitê de enfrentamento à Covid-19 em Belo Horizonte, acredita que o casal foi vítima de um processo contagioso que teria se transmitido na zona rural. Para o especialista, a situação ainda traz mais dúvidas do que respostas.

“Não dá para se descartar, por exemplo, viroses causadoras de febre hemorrágica. Não sabemos exatamente o estado vacinal desses indivíduos. Acho menos provável dengue porque hoje ela raramente mata, ainda mais de uma forma tão rápida e principalmente duas pessoas ao mesmo tempo.”

Leandro Curi, médico infectologista, explica que as manchas no corpo são chamadas de petéquias. O especialista afirma que o interior de São Paulo tem a presença da febre hemorrágica, vírus altamente mortal e praticamente exclusivo do Brasil. Assim como Estevão Urbano, Leandro afirma que, por enquanto, não é possível descartar nenhuma possível causa.

Quando procurar atendimento médico?

O médico infectologista Leandro Curi explica que se a pessoa encontrar um carrapato agarrado no corpo, tiver contato com água suja por dejetos de rato ou tiver contato com pessoas que estão com dengue, ela pode precisar procurar ajuda médica.

“Começou a ter febre, mal-estar, dor no corpo ou fadiga, é importante procurar assistência médica o mais rápido possível e relatar o que está acontecendo. Pode ser alguma doença muito grave e com alto índice de mortalidade, mas com o tratamento adequado, a chance de mortalidade cai vertiginosamente.”

Carlos Starling também pede para que a população não demore a procurar atendimento médico caso apresente esses sintomas após irem a áreas rurais. Ele afirma que o tempo é aliado no tratamento.

“Esse caso de Jundiaí é um exemplo muito bom de que, quando se atrasa, o desfecho pode ser rápido e letal. Esteve em área rural e começou com sintomas, procure ajuda o mais cedo e informe onde esteve, dê informações para o médico. Isso ajuda, e muito, no diagnóstico.”

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.