O Brasil teve saldo positivo de empregos para o mês de agosto. Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho, foram 278.639 carteiras assinadas no citado mês. O resultado supera as expectativas que o mercado tinha para agosto, que era de 270 mil empregos.
O diretor e economista da faculdade Ibmec, Márcio Salvato, analisou os dados do Caged disponibilizados na última semana. Segundo ele, o número de 278 mil empregos supera o de desligamentos e mostra que há uma redução significativa da taxa de desemprego. “Isso representa um crescimento em relação ao mês anterior de 0,66% para o Brasil. É interessante que a gente já olha no ano acumulado de postos criados, o número de 1,853 milhão, que representa um crescimento dentro do ano com a base de comparação a partir de dezembro do ano passado de 4,56%”, destacou.
Por outro lado, o setor de serviços representa um crescimento menor. “Foram 141 mil empregos gerados. É um crescimento de 0,7% neste mês, mas já é 5,36% no ano, sendo um número importante”, pontuou. Em seguida, aparece a indústria (52 mil) e o setor de construção (35 mil).
“A indústria também tem um crescimento no ano acima de 4%. Destaco aqui em 4º lugar a própria construção, que, embora esteja em quarto, em número absoluto de 35 mil novas vagas criadas no Brasil, isso representa no mês 1,4% no ano e quase 11% de crescimento no nível de emprego formal na construção, que é um setor importante para alavancar o crescimento”.
O Sudeste é a região que mais gerou novos postos de trabalho. “Dos 278 mil, 138 mil empregos foram gerados em agosto na região. São Paulo lidera, seguido pelo Rio e depois Minas Gerais. No estado mineiro foram 27 mil novos empregos criados”, afirma
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirma uma melhora no cenário econômico e mostra que o país começou o segundo semestre deste ano com índices de desemprego mais baixos em 7 anos. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) aponta que a taxa de desemprego em agosto caiu para 8,9%, ou seja, é a menor desde julho de 2015, quando o patamar era de 8,7%.
A professora de economia do Ibmec, Vivian Almeida, avalia o resultado da PNAD e destaca o crescimento de empregos informais. “Quando a gente percebe essa retomada, é uma contratação impulso resposta, você contrata a pessoa que você está precisando [...] Se você está desempregado, você ganhava R $5 mil antes de ser demitido e agora você está desempregado e alguém te oferece R$ 3 mil, você vai aceitar”. De acordo com ela, quando a oferta é maior, consequentemente, há uma redução no salário.
Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M)
Nesta semana, dados do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) também foram divulgados. A inflação do aluguel caiu 0,95% em setembro após queda de 0,7% no mês anterior. Com o resultado, o índice acumula alta de 6,61% no ano. Os dados apontam para uma estabilidade nos próximos meses, como indica o vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais, Flávia Vieira.
“O IGP-M é um indexador dos contratos de locação. A tendência de queda, acredito que favoreça sim, os preços ficam mais acomodados quando a inflação está mais baixa e a moeda mais forte. Isso é super importante para que a gente tenha uma estabilidade de preços. Com relação ao mercado, especificamente, estamos todos aguardando o resultado das eleições para sentir que rumo a economia brasileira vai tomar”, explicou.
O professor de economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mauro Ferreira, explica os principais fatores que levam à oscilação do IGP-M. “Nós tivemos, recentemente, queda no preço do petróleo no mercado internacional e os repasses internamente aqui no Brasil. Além disso, também houve queda de diversos commodities nos últimos três meses, isso é repassado muito rapidamente para o IGP-M, o que acaba sendo refletido agora nessa redução”.
“Observada essa deflação do mês, pesa também naturalmente a redução dos impostos sobre combustível, que ainda se faz sentir sobre os preços. Na mesma linha, vale observar que a própria Petrobras reduziu o preço do diesel, preço de combustível, também aproveitando a folga proveniente do mercado internacional, onde o preço do petróleo reduziu. Então esses fatores explicam essa deflação verificada aqui na margem do IGP-M”, completou.
Análise geral
A economista Rita Mundim fez uma análise geral de todas as pesquisas divulgadas. “Se a gente colocar todos esses ingredientes em um liquidificador e bater, vai sair um suco delicioso, o suco do crescimento sustentável que o Brasil não experimenta há anos. Isso não é fruto de um trabalho de agora, as decisões que foram tomadas ao longo da pandemia, o trabalho de um Banco Central independente e políticas assertivas do governo na proteção de empregos, na proteção de empresas, como foi o caso, como, por exemplo, do Pronampe [Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte]. Isso tudo está culminando nesse bom desempenho do Brasil, ao contrário do resto do mundo”, disse.
“O Banco Central independente cuidou da inflação e vem elevando os juros desde março de 2021. Os países desenvolvidos só começaram esse processo de elevação de juros agora em 2022, então eles tiveram um certo atraso, não lidaram bem com a inflação. Já o Brasil, exportador de commodities, alimentador do mundo, está estrategicamente muito bem na fita. As commodities que nós produzimos são aquelas que o mundo está precisando hoje. Basicamente energia e alimentos”, acrescentou.
Rita lembrou de quando previu a recuperação no setor de serviços e que este seria o “grande motor de crescimento da economia” deste ano. “Só que nós já vínhamos com um crescimento expressivo do agro e do setor de mineração [...] O Brasil virou uma fábrica de empregos e no final da fábrica o que que nós temos? PIB, Produto Interno Bruto. Estamos crescendo, já crescemos 2,7% anualizado, devemos crescer em torno de 3% neste ano”, completou.
“O emprego, a geração do PIB, a melhoria na renda são consequências de políticas que vêm sendo adotadas desde 2020, no início da pandemia. Isso é sinônimo de uma boa gestão. E pra finalizar tudo isso nós também tivemos na semana passada novo recorde na arrecadação da Receita Federal. Vale lembrar que no mês de agosto, a receita já foi impactada negativamente pelo corte de impostos. O governo zerou os impostos, o ICMS foi reduzido e mesmo assim a Receita Federal marcou recorde para o mês de agosto e recorde histórico para a arrecadação acumulada nos primeiros meses do ano. Resumo da ópera, o Brasil está trabalhando, o Brasil está crescendo e gerando empregos em um ambiente de desinflação, o que melhora ao longo do tempo o poder aquisitivo das famílias”, concluiu.