Sistema BoiTeca integra árvore à pecuária e amplia produção sustentável

Modelo silvipastoril da Embrapa avança em propriedades e mira ganho econômico e ambiental

Por meio desse sistema, são cultivadas linhas da árvore em meio à pastagem

A integração da pecuária de corte com o plantio de teca (Tectona grandis) torna a criação de gado mais sustentável e expande a silvicultura. O tema foi um dos assuntos apresentados na AgriZone nesta terça-feira (18), durante a COP 30, em Belém. O Sistema Bacaeri – BoiTeca foi lançado pela Embrapa Agrossilvipastoril (MT) em maio deste ano, como uma modalidade de integração pecuária-floresta ou sistema silvipastoril.

A teca é uma madeira nobre, nativa da Ásia, com grande potencial de cultivo e retorno financeiro nas regiões mais quentes do Brasil. Por meio desse sistema, são cultivadas linhas da árvore em meio à pastagem. Enquanto as árvores crescem, a atividade pecuária é conduzida normalmente.

O gado só precisa sair da área de cultivo nos 10 a 18 meses, quando as árvores precisam ganhar diâmetro para o posterior convívio com os animais. Nesse período, o produtor pode aproveitar a área para agricultura ou colher o capim para silagem. Dessa forma, é possível obter renda durante os cerca de 20 anos necessários até se chegar ao ponto de corte.

Mercado lucrativo e sustentável

Na AgriZone, o sistema foi apresentado pelo diretor de Relações Institucionais e Pesquisa da Teak Resources Company (TRC), Fausto Hissashi Takizawa. A empresa firmou uma parceria com a Embrapa para validação do sistema produtivo e divulgação em eventos.

Takizawa apresentou os planos da empresa para expandir a integração da teca com a pecuária em áreas inaptas para a agricultura nos estados do Mato Grosso, Pará e Pernambuco. “Atualmente, já estamos em contato com cem propriedades rurais que têm potencial de aderir ao nosso projeto de dar escala a esse sistema integrado”, afirmou.

De acordo com Takizawa, o Brasil se destaca no cenário internacional como maior exportador de teca. A adoção desses sistemas integrados abre caminho para um agronegócio mais produtivo, lucrativo e alinhado às demandas globais de sustentabilidade.

Na interação com o público da palestra, Takizawa respondeu que o projeto em andamento com a Embrapa também prevê mensurar a capacidade do Sistema Bacaeri – BoiTeca de capturar carbono no solo. Sobre os custos de implantação do sistema, o representante da TRC disse que pode variar de 1,5 mil a 3 mil reais por hectare, a depender das condições de solo da propriedade rural. Nesse ponto, Takizawa ressaltou que a integração também é uma forma do pecuarista financiar a recuperação da pastagem.

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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