Safra recorde de batata em 2025 derruba preços e expõe desafios comerciais do setor

Levantamento do Cepea mostra produtividade histórica, mas mercado sofre com excesso de oferta

Média de preço da parcial de 2025 é a quarta menor da história

A safra de batata em 2025 é marcada por preços historicamente baixos, resultado direto de um excedente significativo de oferta. Entretanto, a produtividade no campo foi recorde, contexto que permitiu uma redução no custo unitário de produção e, consequentemente, atenuou os prejuízos. Esse é um dos destaques da revista Hortifruti Brasil, publicação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

No “Especial Batata” da edição, esse contraste emblemático é detalhado: de um lado, o colapso dos preços; de outro, o vigor técnico e gerencial de produtores que, mesmo sob adversidade, conseguiram amortecer as perdas graças à sua eficiência.

A média de preço da parcial de 2025 é a quarta menor da história, considerando-se sempre o período de janeiro a outubro, atrás apenas das verificadas em 2011, 2017 e 2018, em termos reais (a série de preços do Cepea, iniciada em janeiro de 2001, foi deflacionada pelo IGP-DI).

Do lado da produtividade, a série histórica do Cepea, iniciada em 2010, revela trajetória em tendência de alta, reflexo de avanços tecnológicos e de manejo. Apesar das quebras pontuais, como a registrada em 2024, a safra de 2025 superou os patamares anteriores, favorecida pelo clima e pela maior disponibilidade de sementes.

Segundo pesquisadores da Equipe de Hortifrúti Cepea, o caso de 2025 traz um alerta: quando todos produzem bem, a eficiência individual se transforma em desafio coletivo. A ausência da indústria como canal de escoamento adicional expôs os limites de um sistema ainda carente de mecanismos de coordenação e diversificação comercial.

A lição é clara: produtividade é o primeiro escudo contra crises, mas não basta por si só. O futuro do setor dependerá de um equilíbrio entre eficiência produtiva, gestão de risco e inteligência de mercado. Somente assim a força da produtividade poderá continuar sendo um motor de sustentabilidade e não um vetor de excesso.

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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