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Safra de milho 2025/26 pode enfrentar queda mesmo sem redução de área plantada

Apesar do aumento da demanda, a produção tende a cair devido à menor adoção de tecnologias no campo

Conab prevê um aumento de apenas 3,5%

A possibilidade de queda na produtividade do milho na próxima safra de 2025/26 foi um dos temas da 53ª reunião da Câmara Setorial de Milho e Sorgo do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Segundo o diretor-executivo da Abramilho, Glauber Silveira, na safra passada, por exemplo, mesmo com projeções iniciais de recorde por parte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os números não se confirmaram.

“Tivemos um clima praticamente perfeito no Mato Grosso, e ainda assim não atingimos o recorde de safra”, ponderou o diretor durante a reunião. Segundo ele, o cenário para a próxima safra também preocupa, levando em consideração que não há expectativa de aumento significativo de área plantada.

A Conab prevê um aumento de apenas 3,5%. “Pelo que a gente observa, parece que a tendência é que a próxima safra seja ainda menor. Não há um aumento de área plantada, e mesmo que exista algum incremento pequeno, estamos enfrentando um clima mais difícil”, explicou Silveira.

Redução do uso da tecnologia

Outro ponto levantado pelo diretor-executivo foi sobre a queda no uso de tecnologia no campo. Isso porque, segundo ele, os produtores têm enfrentado um cenário econômico desafiador, o que tem levado à redução no uso de tecnologias fundamentais para ampliar a produtividade.

“Tenho rodado bastante as fazendas e conversado com muitos produtores, e dá para perceber uma redução no uso de tecnologia. A gente tem observado isso com clareza. E com os preços como estão agora, e ainda com essa explosão de oferta nos EUA, os americanos colocaram 50 milhões de toneladas a mais no mercado, fica difícil imaginar uma melhora nos preços”, afirmou.

Cautela

O diretor da Abramilho também alertou para o papel da Conab na divulgação das estimativas de produção. Na avaliação dele, é necessário que os números reflitam a realidade do campo.

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“Acho até importante que a Conab evite divulgar estimativas de safra recorde. Porque senão, isso gera frustração no produtor, que acaba ficando irritado com essas projeções. Parece que falar de recorde virou algo positivo por si só, mas quando não se confirma, prejudica tudo, especialmente a formação de preços. E querendo ou não, o que a Conab divulga tem peso, concluiu Glauber Silveira.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.