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Queijaria do Serro conquista registro do IMA e abre novos mercados para produtor

Além da queijaria Cava, outras sete foram registradas este ano na microrregião do Serro

Décio Padilha de Miranda, do município do Serro é produtor de queijo há 38 anos

Há 38 anos, o produtor Décio Padilha de Miranda, do município do Serro, dedica-se à produção de Queijo Minas Artesanal na Fazenda da Cava. Tradição, empreendedorismo e assistência técnica fazem parte de sua trajetória que é perpassada pelo apoio da Emater-MG. Em 2025, a queijaria Cava acaba de conquistar o registro oficial do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), abrindo novos mercados para a iguaria produzida na propriedade.

“Na época que não tinha registro, ficava à mercê dos atravessadores que pagavam um preço muito baixo, na maioria das vezes, nem arcava o custo da produção. Mas como não tinha opção, era obrigado a vender para pagar as contas. Por isso, me dediquei para obter o registro”, relata Décio Padilha.

Membro da Rede de Assistência Técnica e Extensão Rural em Queijos Artesanais da Emater-MG, João Paulo Teixeira Campos, conta que a Instituição participou de todo o processo, desde a elaboração da planta, memoriais, documentos e exames até a certificação.

Ele ainda destaca que a microrregião do Serro é tradicional na produção de Queijo Minas Artesanal e programas como o Projeto Queijo Minas Legal (PQML) e o Minas Pecuária são fundamentais para que os produtores consigam sair da informalidade. Além da queijaria Cava, outras sete foram registradas este ano na microrregião do Serro, representando oportunidade para os mais de 700 produtores da região.

“Cada nova certificação reforça a região, que possui indicação geográfica e reconhece ainda o modo de fazer a iguaria, que hoje é patrimônio Imaterial e Cultural da Humanidade. Levando também segurança sanitária e alimentar para os consumidores”, ressalta João Paulo.

Trajetória

Décio Padilha conta que o percurso na atividade começou com o pai dele. “Minha família produzia carvão, mas como o preço estava ruim e as dificuldades financeiras aumentaram, meu pai decidiu produzir queijos para completar a renda. Comecei a ajudar quando tinha 14 anos de idade”.

A vontade de ter uma melhor qualidade de vida fez com que o queijeiro deixasse a lida no campo para buscar novas oportunidades na cidade. Segundo ele, o sonho de voltar às origens e montar uma queijaria ainda permaneciam vivos durante a experiência.

“Depois de alguns anos decidi voltar e ajudar meu pai. Quando ele faleceu, tomei conta da produção e construí minha queijaria. Hoje é uma atividade familiar, eu e mais dois irmãos estamos na área e cada um tem sua queijaria”, comemora.

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O produtor é responsável por todo o processo, desde o manejo com o gado até a produção mensal das 240 peças da iguaria. A comercialização é destinada para a Cooperativa dos Produtores Rurais do Serro (Cooperserro).

Para o futuro, ele deseja melhorar a qualidade do rebanho e da pastagem, aumentar a produção de leite e das iguarias.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.