A
Durante a abertura do evento, o chefe-geral da Embrapa Soja Alexandre Nepomuceno, que mapeou a sojicultora brasileira nos últimos 50 anos, destacou que o incremento contínuo da produtividade da soja e a consequente ampliação da sua produção foi resultado da adoção de um conjunto de tecnologias adotadas pelo produtor brasileiro.
Para Nepomuceno, o crescimento da cultura é fruto da tropicalização da soja, ou seja, dos investimentos alcançados no melhoramento genética para adaptar a oleaginosa às condições do Brasil, mas também tecnologias e recomendações que permitiram
Para Nepomuceno um dos pontos a ser incrementado é a agregação de valor à produção de soja. A cultura representa hoje 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio e gera, em média, 2,5 milhões de empregos. “Com a agregação e valor conseguiríamos aumentar em quatro vezes o PIB, assim como a geração de empregos”, calcula Nepomuceno.
De acordo com ele, a agregação de valor ocorre atualmente por meio da produção de carnes, via alimentação animal, mas é preciso colocar a oleaginosa na pauta da transição entre a química fóssil para a química verde. “Podemos usar, por exemplo, o óleo de soja para produzir plástico, borracha, asfalto e tantos outros produtos, com investimentos em ciência e tecnologia como já vêm fazendo os Estados Unidos”, exemplifica o pesquisador.
Desafios da evolução da sojicultura
Durante o Seminário, também foi realizado um painel para debater a evolução da sojicultura brasileira por regiões de produção. O pesquisador Décio Gazzoni, da Embrapa Soja, realizou um mapeamento da produtividade e analisou as oscilações regionais. Hoje cerca de 20 estados brasileiros produzem soja em diferentes condições, com uso de cultivares diferentes e de diferentes sistemas produtivos. Além disso, Gazzoni explica que o regime de chuvas é diferenciado, assim como a adoção de tecnologias e a atuação da assistência técnica.
Para Gazzoni, a produtividade no Brasil de 1970 a 2000 cresceu com pouca oscilação, porém, devido principalmente às mudanças climáticas atualmente a produtividade está com maior volatilidade, mesmo em regiões tradicionais de produção de soja como o Centro-Oeste. “Isso porque tínhamos uma previsibilidade muito maior do regime de chuvas há 15 ou 20 anos do que temos hoje, portanto, os riscos são maiores”, avalia.
“A região Sul e o sul de Mato Grosso Sul têm sofrido com déficit hídrico, ondas de alta temperatura, o que tem afetado muito a produtividade dessa região”, destaca. Na visão do pesquisador, a solução passa pelo investimento tecnológico, em políticas públicas e em ação conjunta e integrada da cadeia produtiva.