A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) observa com atenção um movimento crescente de triangulação na exportação de café brasileiro. Em meio ao
Na prática, um país adquire o café do Brasil e, por contar com taxas mais vantajosas no comércio com os norte-americanos, repassa o produto para os EUA. Segundo dados do setor, as compras colombianas chamam a atenção pelo aumento expressivo.
O presidente da CNA, João Martins, questiona o comportamento do país vizinho: “A Colômbia, que é um grande produtor de café de qualidade, começa a comprar pesadamente do Brasil café. Não é para eles consumirem. Eles estão jogando pra fora, para os Estados Unidos”, disse o presidente em entrevista à Itatiaia durante o
Presidente da CNA, João Martins
“Hoje é um mundo muito mais dinâmico, muito mais até incompreensível para aqueles que não estão metidos nessa complexidade. O mundo hoje é bem difícil de quem não está por dentro entender o que está acontecendo”, pontuou.
Além disso, João citou o mercado alemão. “O grande comerciante de café do mundo é a Alemanha. Não tem um pé de café. E lá eles compram do mundo inteiro”, acrescentou o presidente. Logo após o tarifaço entrar em vigor, a
Ana Carolina Gomes, analista de agronegócios do Sistema Faemg Senar e especialista em café, explica que a triangulação não é novidade, mas pode ter se intensificado com as sobretaxas impostas pelos Estados Unidos.
“O que a gente tem notado é que, nos últimos meses, isso tem aumentado. Isso pode ter relação com alguns fatores. O tarifaço é um deles. Mas a gente precisa ainda acompanhar esse mercado para ver como vai ser essa evolução. Uma vez que ainda está muito recente, a gente precisa ir monitorando os números para ver se realmente existe essa correlação, mas essa triangulação é normal de se acontecer”, afirmou a analista.
A Colômbia também consome café brasileiro e exporta seu próprio produto. Gomes explica que o grão nacional tem papel estratégico no paladar norte-americano. “O café brasileiro é muito importante na composição dos blends para o paladar americano. A gente nota que, a partir do momento do tarifaço, algumas cafeterias têm diminuído o consumo justamente por conta dos altos preços e também pela falta do café brasileiro nessas cafeterias. Então, quando há essa entrada indireta, isso acaba mantendo o consumo, o que é positivo para o Brasil e para o café”, disse.
Atualmente, a Colômbia se fortalece na venda de café para os Estados Unidos. Ao lado do Vietnã, o país se consolida como um dos principais exportadores do grão para o mercado norte-americano.