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Setor é capaz de conter avanço da gripe aviária no Brasil, avalia Cepea

Cerca de um terço da produção brasileira de carne de frango é exportada para dezenas de parceiros comerciais

Foco da doença foi detectado em Montenegro, no Rio Grande do Sul

A confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, deixa o setor em alerta. Imediatamente, o Ministério da Agricultura e Pecuária acionou o protocolo de contingência e declarou autoembargo de carne de frango do Rio Grande do Sul para todos os destinos.

Por cláusula contratual, foi automática a suspensão por parte da China e da União Europeia das compras de carne de aves de todo o Brasil. Com o Japão e outros países, foi assinada no final de março a regionalização do Certificado Sanitário Internacional, que implica na suspensão das compras da carne produzida apenas no município onde um caso de doença aviária for detectado - no caso, Montenegro (RS).

Segundo o Cepea, cerca de um terço da produção brasileira de carne de frango é exportada para dezenas de parceiros comerciais. A China é a maior compradora, mas sua participação se limita a pouco mais de 10% de todo o volume vendido ao exterior. A União Europeia comprou, em 2024, aproximadamente 4,5%; os países do Oriente Médio, em conjunto, respondem por cerca de 30% das exportações de carne de frango.

Pesquisadores do Cepea avaliam que o setor tem capacidade de i ntensificar os protocolos sanitários e conter a doença rapidamente. Também afirmam que é preciso aguardar os esforços da diplomacia comercial brasileira que devem agir no sentido de atenuar a área de embargo da China e União Europeia. Flexibilizar a suspensão total da carne de aves do Brasil, prevista em contrato, pode interessar também à China e à UE, dado o impacto que seus consumidores teriam com o não recebimento do produto.

Vale ressaltar que o Brasil está em estado de emergência zoossanitária , que foi prorrogado em abril por mais 180 dias.

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Na avaliação de pesquisadores do Cepea, a suspensão por parte da China e da UE de toda a carne de aves brasileira teria impacto de média intensidade no equilíbrio de mercado não só de frango, mas também das carnes suína e bovina; grãos, principalmente, milho também seria influenciado.

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde