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Bioinseticida apresenta eficácia superior a 85% no controle da lagarta-do-cartucho

Praga é uma das piores e atinge mais de 200 culturas de importância socioeconômica

Praga ataca plantações de milho, soja, algodão e outras

O novo inseticida biológico Virumix mostrou mais de 85% de eficácia no controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) em testes realizados no campo, em municípios do estado de Mato Grosso. Essa é uma das piores pragas agrícolas do Brasil e ataca cerca de 200 diferentes culturas de importância socioeconômica, como milho, algodão, soja e arroz, entre outras.

Fruto de uma parceria público-privada entre a Embrapa Milho e Sorgo, o Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt) e a Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio (Comdeagro), o Virumix é o primeiro produto microbiológico na linha do IMAmt. Foi desenvolvido a partir do isolado 6 do Baculovirus spodoptera identificado pela Embrapa Milho e Sorgo.

“O aumento da incidência da Spodoptera frugiperda, até mesmo em áreas cultivadas com plantas contendo biotecnologias, impacta os custos de produção, pela necessidade de inúmeras aplicações de agroquímicos. Isso nos levou a procurar soluções viáveis de controle da praga”, diz o diretor-executivo do IMAmt e da Comdeagro, Álvaro Salles.

Segundo ele, o fato de ser desenvolvido à base de um vírus entomopatogênico traz benefícios ambientais, pois se trata de um produto altamente específico, que preserva todos os inimigos naturais (insetos), necessários ao equilíbrio das culturas.

Controle biológico com baculovírus

O pesquisador da Embrapa Fernando Hercos Valicente, que conduziu o desenvolvimento do Virumix, destaca que a eficácia do baculovírus para o controle da lagarta-do-cartucho está relacionada ao momento ideal para sua aplicação na lavoura.

“O processo deve considerar alguns fatores importantes e o primeiro deles é que a cultura deve ser monitorada semanalmente para se detectar o nível de ataque da lagarta-do-cartucho desde os estágios de desenvolvimento iniciais das plantas. O controle será melhor enquanto as lagartas estiverem com menos de 1,0 cm. Além disso, o horário da aplicação deve ser realizado nos períodos em que a temperatura esteja mais baixa, no início da manhã ou após as 16 horas”, recomenda Valicente.

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Ele explica que é muito importante não perder a primeira aplicação, pois desse modo evita-se uma sobreposição de estádios larvais dessa praga na cultura. “A pulverização do baculovírus deve ser feita com o uso de um espalhante adesivo, para ter uma aplicação uniforme e atingir o alvo”, orienta o pesquisador.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.