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Vinicultores do sul pedem paciência aos consumidores: ‘podem haver atrasos na entrega, mas eles vão chegar’

Associação dos Produtores reconhece que a extensão dos danos é grande, mas diz que não há registros de ‘avarias severas’ nas vinícolas. Presidente pede que as pessoas não parem de comprar para ajudar a manter os negócios e os empregos

Aprovale disse que vinhedos não foram afetados pelas chuvas

Quando se fala em vinhos, não tem como não pensar no Rio Grande do Sul. Até os anos 70, a Serra Gaúcha era a única região produtora dessa bebida no Brasil e até hoje é responsável pela maior parte da nossa produção vinícola. Bento Gonçalves, Garibaldi, Caxias do Sul e Flores da Cunha são os principais municípios produtores. Os espumantes e os tintos são os tipos de vinhos mais importantes da região. Bento Gonçalves, no Vale dos Vinhedos, é considerada a capital nacional do chamado enoturismo - o turismo do vinho.

Questionada pela reportagem da Itatiaia sobre a situação das vinícolas diante da tragédia que assolou o Estado, a Associação dos Produtores dos Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), disse que ainda é cedo para calcular os prejuízos, mas que há uma força-tarefa para desobstruir estradas, diminuir danos e ajudar os moradores que mais precisam de doações. De acordo com o presidente da entidade, Ronaldo Zorzi, eles estão confiantes de que a produção e comercialização de vinhos não serão afetadas.

“A Associação vem acompanhando com atenção e apreensão a situação pela qual passa o Rio Grande do Sul, em especial a Serra Gaúcha, solidarizando-se com todos que foram atingidos. Os esforços coletivos, agora, são para atender as pessoas que precisam de suporte, garantindo a segurança e o bem-estar delas”, disse o presidente em comunicado.

“Neste momento, há trabalho intenso para reparar os danos na infraestrutura da região, que teve estradas bloqueadas, queda de pontes, deslizamentos de terra, e muitos avanços já foram feitos em termos de acessibilidade e mobilidade. Porém, como a extensão dos danos é grande, ainda não é possível estratificar os prejuízos”.

O grupo acrescenta ainda que, entre seus associados no Vale dos Vinhedos, não houve, até agora, registro de danos estruturais graves a restaurantes ou vinícolas e que os atendimentos têm sido feitos dentro do possível.

“Apesar desse cenário grave, até o momento, não há registros de avarias severas nos estabelecimentos dos associados – nem vinícolas, restaurantes ou outros estabelecimentos. Os locais de comércio estão em funcionamento e, de forma geral, cumprindo os atendimentos ou, em outros casos, remanejando reservas em função das dificuldades de acesso para a região. No médio e longo prazo, ainda não é possível aferir os efeitos no enoturismo”, afirmou.

Vinhedos estão em ‘estado de dormência’ e há risco de atrasos

A respeito da produção de vinhos propriamente dita, a associação explica que os vinhedos estão em “estado de dormência” e que, por isso, não foram afetados. As vinícolas continuam vendendo para todo o país — apesar do risco de atrasos por conta dos problemas de infraestrutura no estado — e os produtores fazem um apelo para que os consumidores sigam comprando os produtos em apoio à indústria.

“No que diz respeito à produção vinícola pela qual o Vale dos Vinhedos é referência, em função de estarem entrando em estado de dormência, os vinhedos não foram afetados pelas chuvas. Por conta das avarias na infraestrutura, especialmente rodoviária, podem ocorrer atrasos nas entregas dos vinhos, mas elas seguramente serão feitas e, tão logo possível, normalizadas, sem risco de desabastecimento. Inclusive, é um pedido para que os consumidores continuem prestigiando os vinhos brasileiros, ajudando a sustentar os negócios e o enoturismo das regiões afetadas”, disse.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.