O Dia Mundial do Frango - 10 de maio - foi criado pelo Conselho Internacional da Avicultura - para celebrar a cadeia produtiva e estimular o consumo de uma das mais importantes proteínas animais do mundo.
A despeito de sua importância para a garantia da segurança alimentar e o desenvolvimento econômico do país, a preocupação com o bem-estar animal é latente, algo que cresce cada vez mais entre os consumidores. Conversamos com Márcia Portugal Santana, engenheira agrônoma e Coordenadora Estadual de Pequenos Animais da Emater-MG para conhecermos 7 providências e/ou condições que o produtor pode tomar para proporcionar bem-estar à sua criação.
Filipe Dalla Costa, coordenador técnico de Bem-Estar Animal da MSD - Saúde Animal lembra que “antes de tudo, precisamos entender que bem-estar animal é garantir que cada indivíduo dentro de uma granja esteja com boas condições de saúde, nutrição e conforto e que possa expressar seu comportamento natural. “Garantir isso vai além de seguir mecanicamente as instruções de criação, isso depende de conhecimento, estratégia e empenho do avicultor”, explicou Filipe ao site Avinews.
Segundo Márcia, nos aviários não pode faltar:
1 -Temperatura amena
2 -Limpeza
3- Espaço para que a ave possa ciscar e comer
4-Água e alimentação adequada
5- No sistema caipira, acesso a uma área ao ar livre
6-Olhar cuidadoso para cada uma das aves, observando sinais de doenças ou de qualquer outra ocorrência que possa estar gerando dor e sofrimento.
7-Acesso a medicamentos e vacinas a fim de prevenir enfermidades.
Na Europa, gaiolas são proibidas
Márcia lembra que na União Europeia, o uso de gaiolas convencionais para as galinhas poedeiras é proibido. As formas alternativas que pregam o bem-estar são o cage-free (criação sem gaiolas no galpão) e o Free Ranger (criação sem gaiolas e com acesso a piquetes).
- A coordenadora lembra ainda que o momento da captura dos frangos para o abate é o que mais gera estresse. Por isso, esse deve ser realizado à noite, à temperatura amena.
- As caixas de transporte devem ser levadas até os animais e não o contrário.
- Os frangos não devem ser apanhados pelo pescoço e nem pelas pernas porque isso pode ocasionar lesões e sofrimento
- A densidade das aves nas caixas deve ser ajustada de acordo com o peso, clima e tamanho da caixa. Todas as aves devem ter espaço para deitar, se assim desejarem.
“Nos últimos anos, a opinião pública está cada vez mais preocupada com a forma como os animais são tratados. As pessoas estão dispostas até a pagar mais caro por um sistema que respeite o bem-estar animal”, disse a coordenadora.
Oferecer tudo isso é desafio para os produtores
Márcia reconhece que o setor avícola enfrenta desafios entre esse bem-estar e a produtividade e os custos de produção. “No entanto, é extremamente necessário se adequar aos padrões europeus para se manter competitivo no mercado atual e conquistar novos mercados. Existem empresas certificadoras de bem-estar animal e esses podem, inclusive, abrir portas para o mercado externo”, lembra.
No ano passado foram produzidos no Brasil 14,8 milhões de toneladas de frangos
Números do mercado nacional impressionam
- A cadeia produtiva da avicultura no país gera 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Apenas nas fábricas são mais de 300 mil postos de trabalho de um setor com Valor Bruto de Produção superior a R$ 90 bilhões.
- No ano passado foram produzidos 14,8 milhões de toneladas de frangos em território brasileiro. Quase 35% disto é direcionado a mais de 150 países nos cinco continentes - capilaridade que proporcionou ao Brasil a liderança mundial nas exportações da proteína, sendo responsável por 38% do total do comércio internacional.
- As agroindústrias brasileiras exportaram no último ano mais que as vendas internacionais de Estados Unidos e União Europeia - segundo e terceiro maiores, respectivamente - somadas, e é maior do que toda a produção da Rússia (quinto maior produtor global da proteína). São embarques que geram receitas próximas a US$ 10 bilhões (dados de 2023).
- O impacto econômico e social da carne de frango para o Brasil não está apenas nos dados macroeconômicos. O peso social individualizado da proteína se vê em seu consumo per capita.
- Cada brasileiro consome, em média, 45 quilos da proteína - índice alcançado em 2020 e que se mantém desde então. É a proteína animal mais consumida pelo brasileiro.
Presidente da ABPA, Ricardo Santin
“Nossa cadeia produtiva é continental, e tem papel determinante nos hábitos, na economia e na cultura gastronômica de Norte a Sul. Do campo às fábricas, são bilhões em investimentos em tecnologia de ponta para garantir a qualidade e a sanidade dos produtos, com maior produtividade. Neste dia, celebramos um setor que cumpre seu papel e que seguirá atuando para que não falte o acesso a este alimento tão importante para as famílias de todo o país”, disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin.