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Brasil e China aprovam fabricação de novos drones para pulverização agrícola

Cooperação entre as autoridades de aviação dos dois países traz para o país um dos maiores fabricantes de drones agrícolas do mundo

Os modelos aprovados poderão operar com um Certificado de Aeronavegabilidade

A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) anunciou ontem (10) que aprovou no último mês de dezembro, três novos modelos chineses de drones para uso em pulverização agrícola no Brasil. Fabricados pela empresa chinesa DJI, uma das maiores fabricantes desse tipo de drone no mundo, os projetos aprovados abrem portas para o lançamento de novos modelos no país e reforçam as relações de cooperação na aviação entre Brasil e China.

Todos os modelos foram aprovados para operar a 120 metros acima do nível do solo e com alcance de até 1000 metros para operações em linha de visada visual (VLOS) ou visual estendida (EVLOS). A comercialização dos equipamentos deverá ser realizada pelo próprio fabricante no país.

Certificado será exigido

Os modelos aprovados poderão operar com um Certificado de Aeronavegabilidade Especial para RPA (CAER), que demanda uma declaração de conformidade do fabricante para cada número de série do equipamento. A declaração será gerada diretamente no

Sistema de Aeronaves Não Tripuladas (SISANT)

Dessa forma, o fabricante e os representantes legais podem realizar um acompanhamento da frota, permitindo uma avaliação mais rápida para a implantação de melhorias operacionais dos drones.

Tipo de agrotóxico importa

O professor da USP/Esalq, mestre em Fitopatologia e doutor em Agronomia/Fitossanidade, José Otávio Menten, disse que a tecnologia é sempre bem-vinda à agropecuária, mas alerta que os produtores rurais precisam estar muito conscientes do tipo de agrotóxicos que podem ser disseminados via aeronaves ou drones. Isso porque, alguns deles, como o Fipronil, por exemplo, são fatais para insetos como as abelhas que têm sofrido episódios de mortandade em massa nos últimos anos.

“Alguns agrotóxicos só podem ser aplicados de forma pontual, no solo, ao pé da planta. Ficando restritos ao tratamento de solo e de sementes. E tentando sempre evitar ou restringir as aplicações foliares destes produtos.Tanto que seus usos estão em reavaliação pelo Ministério da Agricultura e Pecuária”, explicou.

Vale lembrar que as abelhas são fundamentais para a vida na Terra por participarem ativamente dos processos de polinização das flores. Ao coletarem néctar e pólen, esses insetos acabam realizando a polinização, ou seja, fazendo o cruzamento entre os gametas masculinos e femininos das plantas, e assim garantem a produção de vegetais, frutos e sementes.

Atualmente, a Anac e a autoridade chinesa, Civil Aviation Administration of China (CAAC), trabalham em conjunto na revisão de procedimentos de implementação técnica para modernizar e otimizar ferramentas de trabalho, bem como ampliar reconhecimentos entre a ANAC e a CAAC.

(*) Com informações da Anac.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.