“Esse queijo é de qual região?” “Foi maturado por quantos dias?” “Quais são as características de seu terroir”? “E qual é seu grau de umidade e a raça da vaca”? Vocês estão numa região de grande altitude? Ao contrário do que você possa pensar, essas perguntas não foram feitas por especialistas em queijos. Mas sim por advogados, dentistas, donas de casa, professores, médicos ou funcionários públicos.
Em comum, eles têm a paixão pelo queijo e o fato de terem chegado ao Festival do Queijo Artesanal de Minas, que acontece no Expominas, até amanhã (10), com muita vontade de experimentar os produtos oferecidos nas 11 regiões produtoras e saber tudo sobre eles.
Um dos queijos que mais chamou a atenção - junto com o queijo maturado no vinho - foi o Queijo Capa Preta, da região Mantiqueira de Minas. O produto é coberto por uma camada de tinta importada da Holanda feita de algas negras. “É a mesma tinta utilizada no sushi. “A gente pinta usando um rolinho de pintar parede, mesmo. Com isso, não entra luz e não sai gordura, acelerando a quebra da lipase, que é a enzima responsável pelo sabor ‘ardidinho’ do queijo, levemente defumado, picante, amendoado e, ao mesmo tempo, marcante. “É um queijo jovem, com características de um queijo maturado”, explica Luiz, que é mestre-queijeiro, formado em Tecnologia de Alimentos pelo Instituto Federal de Muzambinho, com cursos na área de Ciência do Leite e formação específica em queijos artesanais pela Organização Internacional de Parma Regional, na Itália.
Um de seus maiores orgulhos é fazer o queijo de leite de vaca Jersey, tanto que mandou tatuar o símbolo da raça no braço, junto com referências ao leite e ao queijo, suas outras duas paixões. “É bom ver que as pessoas têm o mesmo amor pelo queijo que eu. Eles chegam com perguntas técnicas. Todo mundo entende um pouquinho do queijo artesanal”, disse.
Várias nuances de sabor
Os organizadores calculam que, só nesse primeiro dia do evento, tenham passado pelo Festival cerca de duas mil pessoas. Gente como a professora Lays Ananias que ficou surpresa com a realização do festival, junto com a Megaleite. “Desde criança, todos os anos, venho nas exposições agropecuárias. É uma tradição na minha família. Esse ano, ganhamos de presente, esse maravilhoso festival. Estou amando os queijos artesanais que são mais temperados e mais macios do que os comuns, com nuances inesperadas de sabor ”.