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Epamig e UFMG querem impulsionar produção de trigo no estado

Empresa de Pesquisa Agropecuária e Universidade estão fazendo experiências para fomentar a produção do cereal em diversas regiões do estado; país importa cerca de 5 toneladas por ano

Pesquisa pretende identificar as regiões do estado que apresentam melhores condições para desenvolvimento das plantas.

Preocupadas com o fato da produção nacional de trigo ser insuficiente para suprir a demanda interna, Epamig e UFMG se uniram para investigar qual cultivar se adapta melhor em determinadas regiões do estado. Na semana passada, teve iniciou uma experiência com a plantação de vários tipos da planta no campus da UFMG em Montes Claros.

Numa área de 2,5 hectares foram semeados 21 tipos de cereais de inverno: 19 trigos e dois triticales - cereal resultante da hibridação de duas espécies distintas - o trigo (Triticum aestivum L.) e o centeio. “A ideia é mostrar que o trigo tem potencial na região. Há cinco anos, a UFMG vem trabalhando com experimentos de trigo, o que gerou dissertações de mestrado e artigos em revistas. Esperamos apresentar novas alternativas para o produtor além do milho e sorgo”, explica o professor Carlos Juliano Brant do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade.

O experimento de adaptabilidade e estabilidade é realizado em nove municípios mineiros de diferentes regiões. O plantio já foi feito em Lavras, Muzambinho, Lambari, Itutinga, Patos de Minas, São Gotardo, Felixlândia e Montes Claros. A próxima cidade contemplada será Unaí.

O pesquisador da Epamig Sul responsável pelo projeto, Fábio Aurélio Martins, explicou que serão identificadas as regiões do estado que apresentam melhores condições para desenvolvimento das plantas. “Quando a gente tem a somatória dos dados de todas essas regiões, a gente consegue rodar nas análises estatísticas um teste muito específico em que é possível detectar, em cada local, qual tipo de cereal é mais adaptado e estável”, afirma.

Alternativa para o inverno

A produção nacional de trigo ainda não é suficiente para suprir a demanda do país. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), a demanda do cereal no Brasil é de 11 milhões de toneladas, mas são produzidas cerca de 6 milhões de toneladas por ano, e é preciso importar o produto. Paraná e Rio Grande do Sul são os maiores produtores.

“Minas Gerais tinha tradição de cultivo de trigo mais forte em regiões irrigadas no Triângulo e Alto Paranaíba. Isso mudou nas últimas décadas, e, hoje, as principais regiões de plantação são o Sul e o Campo das Vertentes, em cultivo de sequeiro. Isso se deve à cultura da soja, que demanda um cultivo em sucessão que nem sempre é adequado para o trigo”, conta o pesquisador da Epamig.

No Norte de Minas, Carlos Brant, da UFMG, vê o cultivo de trigo como um aliado nas culturas de milho e sorgo. “É uma alternativa a mais. Não é a solução, mas pode entrar num sistema de produção, caso o milho e o sorgo enfrentem algum problema de produtividade, praga ou doença, que acabe inviabilizando essas culturas. Além disso, a palha do trigo é uma referência em termos de cobertura de solo, o que é importantíssimo para a implantação do plantio direto. Palha em cima de solo é matéria orgânica, a vida do solo é favorecida”, destaca o professor.

Irrigação necessária

O professor explicou que, devido às condições climáticas da região, o experimento será realizado com irrigação. O período do ano para o plantio também foi levado em conta. A atividade tem início quando as temperaturas começam a cair no Norte de Minas. “Além da limitação hídrica, temos também a limitação térmica. Então, se um produtor for trabalhar um dia com trigo, ele tem que semear em abril ou maio, porque a temperatura é mais baixa. E a quantidade de água necessária é muito menor quando comparada com milho, soja ou sorgo”, detalha Carlos Juliano Brant.

Estudantes do ICA assistiram às explicações e participaram do plantio. O grupo será o responsável por acompanhar o experimento, sob supervisão de um professor, ao longo dos próximos meses.

Para o estudante do 9º período de Agronomia Nailson Gonçalves, é uma oportunidade de aprimorar ainda mais o conhecimento. “É importante para complementar o que a gente já tem estudado. Nós utilizamos algumas das cultivares que eles estão usando aqui em uma outra ocasião. Agora, podemos ver na prática o que já vimos na teoria.” Uma Unidade Demonstrativa no campus, com 17 materiais comerciais que foram semeados em faixa para a realização de um Dia de Campo posteriormente.

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