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Parceiras da agricultura, ‘Joaninhas’ estão desaparecendo; entenda por quê

A ‘culpa’ é de uma versão mais agressiva do mesmo inseto; Além de pulgões, ela devora frutas, pólen e outras Joaninhas

Pare pra pensar? Tem tempo que você não vê uma Joaninha? Não é uma impressão sua. A verdade é que esse simpático inseto de corpinho amendoado (geralmente vermelho), salpicado de manchinhas pretas, existe cada vez em menor número.

Há mais de 15 anos, pesquisadores vêm observando a diminuição na população de espécies nativas de Joaninhas, especialmente, em São Paulo e sul do país. Débora Pires Paula, bióloga e pesquisadora da Embrapa, disse em entrevista à Agência Brasil que o uso excessivo de defensivos agrícolas pode estar afetando a população de joaninhas. Mas, o principal vilão da nossa heroína é uma outra espécie do mesmo inseto: a Harmonia Axyridis, conhecida como Joaninha Asiática.

Ela é mais agressiva e mais esfomeada: além de comer mais pulgões, presas naturais desses insetos, a espécie asiática também come frutas, pólen e outros alimentos, assim como outras joaninhas. Que ninguém pergunte porque o nome dela é Harmonia…

Parceiras no controle biológico

A maior parte das joaninhas são boas predadoras. Alimentam-se de ovos e larvas de outros insetos. Por esse motivo, têm sido bastante “utilizadas” em algumas culturas agrícolas - principalmente as orgânicas - para controle biológico, reduzindo a necessidade de defensivos. Elas também ajudam na proteção à diversidade botânica e contribuem para a fertilidade do solo.

Como a Joaninha Asiática chegou ao Brasil

O primeiro registro da presença dessa espécie no Brasil é de 2002, registrado pela bióloga Lúcia Massutti de Almeida, da Universidade Federal do Paraná. Na avaliação dela, o inseto, provavelmente, chegou ao Brasil de forma acidental, agarrada numa muda de planta.

Na América do Sul, já havia registros dela, desde a década de 1990, na Argentina. Pesquisadores a importam com o objetivo de fazer o controle de pragas em plantações de pêssego.

Em 2007, a espécie asiática já representava mais de 90% dos indivíduos entre oito espécies de joaninhas pesquisadas no Paraná. Depois da primeira identificação, os insetos já foram vistos em outros estados do país e até mesmo em Brasília.

Danos à produção de vinhos

Além da América do Sul, a Joaninha Asiática também está presente nos EUA, no Canadá, na Europa, na África do Sul e no Quênia. Nos EUA e no Canadá, ela já prejudicou bastante a produção de vinho. No início dos anos 2000, produtores tiveram que descartar um milhão de litros de vinho porque a bebida tinha um sabor diferente, que lembrava o gosto de pimentão e aspargos.

A causa era a metoxipirazina, um composto produzido por essas joaninhas. Depois disso, os produtores tiveram de implantar medidas severas de controle dos insetos nas plantações.

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