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Conheça o Q-Grader, profissional por trás dos melhores cafés

Gilmar Reis Cabral, degustador profissional do sul de Minas, diz que é a profissão exige grande responsabilidade, mas também traz muita satisfação e oportunidades

Trabalho de degustação envolve o desenvolvimento dos sentidos como o olfato e o paladar

O universo dos cafés gera muitas possibilidades de emprego. O degustador profissional, técnico em cafeicultura e árbitro internacional da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Gilmar Cabral, de Boa Esperança, cresceu no meio rural, vendo seus tios, avós e até bisavós trabalharem com café. “Tenho lembranças muito boas e marcantes dos processos de produção”, disse.

Quando completou 18 anos, o pai sugeriu que ele fizesse um curso de degustação de cafés especiais no SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). “Eu era adestrador de cachorros nessa época. Não tinha uma profissão definida. Então, aceitei a sugestão e me apaixonei pela área”.

Durante dois anos, Gilmar acompanhou um degustador de cafés, sem receber qualquer gratificação. “Continuei adestrando cães para ter um dinheirinho. Na outra metade do tempo, eu aprendia a provar café, lavava xícaras e fazia outras coisas básicas relacionadas ao mundo do café”.

Na sequência, ele conseguiu um emprego de degustador numa cooperativa de café e foi fazendo outros cursos na área de degustação (ele tem mais de 90 certificados entre cursos e participações em concursos de qualidade).

Hoje, além de membro da BSCA, ele é Q-grader (avaliador chancelado), árbitro de concursos internacionais, consultor na área de cafés especiais, instrutor do Senar e dono da própria empresa, a Cabral Specialty Coffee, por meio da qual, organiza concursos e outros eventos relacionados ao setor.


“Faria tudo de novo”

Em junho desse ano, Gilmar completará vinte anos de profissão e disse que faria tudo de novo. “É uma profissão extremamente apaixonante, por meio da qual a gente conhece muitas pessoas e pode ter oportunidades de viajar pelo mundo. O café me fez conhecer países como Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Itália e Guatemala e pessoas fantásticas. É uma satisfação muito grande estar nessa profissão”.

Grande responsabilidade

No entanto, o degustador lembra que é uma função de grande responsabilidade por ter a missão de avaliar o trabalho de tantas pessoas ao mesmo tempo como o do produtor rural, do engenheiro agrônomo e dos lavradores. “O café passa pelas mãos de tantas pessoas e, no final, cabe ao degustador dizer quanto vale aquele café”.

Pontuação na BSCA

Para atingir a qualidade atestada pela BSCA, um café especial precisa alcançar acima de 80 pontos na tabela da entidade. São observados 10 critérios como sabor, aroma, acidez e corpo.

Para Cabral, saber degustar profissionalmente um café, é muito difícil, mas também apaixonante porque mexe com os sentidos - olfato, paladar, visão. “Leva tempo. Um bom degustador precisa ter, pelo menos, três anos de experiência na área para se tornar um profissional” .

Além disso, ele não pode:

  • ingerir bebida alcoólica no dia anterior ou no dia do evento

  • usar perfume ou outros produtos que exalem cheiro forte, nos dias de concurso

  • e deve-se evitar certos tipos de alimentos, como

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.