Preocupados com as invasões de terra em Minas Gerais, a diretoria do Núcleo dos Sindicatos Rurais do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e 15 sindicatos associados, se reuniram na sede do Sindicato Rural de Uberlândia para debater como podem se prevenir de possíveis invasões de terra.
O presidente do Núcleo e do Sindicato dos Produtores Rurais de Campo Florido, Marcio Guapo, disse que recebeu informações de que está sendo criado um assentamento de sem-terra dentro de um acampamento na própria cidade de Campo Florido. “Nesses acampamentos as pessoas são recrutadas para protagonizarem as invasões. Tenho notícias de que na divisa de Minas com a Bahia, do lado bahiano, já aconteceram mais de 40 invasões desde a posse do novo presidente. Então, estamos preocupados e nos preparando para o pior. Queremos marcar uma reunião com o vice-governador, Mateus Simões (Novo) para conversarmos sobre como podemos nos precaver desse tipo de situação. Gostaríamos também de ter um comprometimento do governo mineiro e da Polícia Militar sobre como vão se portar quando começarem as invasões, porque elas vão acontecer com certeza. Já temos notícias de invasões em Goiás e no Mato Grosso”.
A reunião contou com a participação de 15 presidentes de sindicatos rurais, secretários das entidades, além dos deputados federais Zé Vitor (PL) e Ana Paula Junqueira Leão (PP) e do deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL).
Presente à reunião, o coronel da reserva da Polícia Militar, Cláudio Vitor, falou sobre como os produtores rurais podem se preparar para combater possíveis invasões. Ele é consultor do projeto da Central de Segurança, lançado pelo Sindicato Rural de Uberlândia. “Foi um dia muito proveitoso porque tivemos acesso a muitas informações pertinentes e inéditas. Também foi importante ter a presença dos deputados e ver o comprometimento deles com o agronegócio”, disse Guapo.
Lula diz que sem-terra querem produzir e até exportar
Em setembro do ano passado, o então candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu entrevista ao Canal Rural na qual argumentou que “pouquíssimas terras produtivas foram invadidas no país” e reforçou que quando nas vezes em que isso aconteceu, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) avaliou se a área era produtiva. Se fosse, “o Estado pagava por ela”, acrescentou.
Lula disse também que, hoje em dia, “os sem terra estão preocupados em produzir, em organizar cooperativas e chegar ao mercado externo. No nosso período de governo, disponibilizamos 52 milhões de hectares para assentamento de quase 700 mil famílias. E isso tudo tranquilo fazendo com que o Estado pagasse pela terra. Se o cidadão invadir uma terra produtiva, pode ficar certo de que a Justiça vai tirá-lo.”
A reportagem da Itatiaia entrou em contato com o governo do Estado para saber quando aconteceram as últimas invasões de terra em Minas e qual a orientação que têm para lidar com o tema. O INCRA também foi procurado, mas até o fechamento dessa edição não havia retornado.
Central de Segurança e Produtor Legal
Logo após a reunião do Núcleo, os presidentes participaram de um evento promovido pelo Sindicato Rural de Uberlândia para apresentação de dois novos projetos relacionados à segurança no campo. Um deles é o plano para a criação de uma Central de Segurança, com o monitoramento de imagens de câmeras de vigilância instaladas em propriedades rurais. O outro é o programa Produtor Legal, que oferecerá orientações jurídicas para regularização da propriedade em questões ambientais, agrárias, trabalhistas e tributárias.
“A intenção do Sindicato Rural de Uberlândia ao lançar a Central de Segurança e o programa Produtor Legal é auxiliar o produtor rural a se proteger contra a criminalidade e fortalecer o direito à propriedade privada. O ideal é que cada sindicato rural da região tenha em sua sede uma central para monitoramento de câmeras”, disse o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberlândia, Thiago Silveira.
Para a criação da central, será feito um levantamento dos produtores rurais interessados em participar, disponibilizando as imagens de câmeras de vigilância instaladas em fazendas, para serem monitoradas ativamente por especialistas, 24 horas por dia. A ideia é que parte dos custos de instalação da Central de Segurança serão subsidiados pelo próprio Sindicato. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a Associação dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e a Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.