Com o objetivo de conseguir valores de referência do leite mais próximos da realidade de mercado, o Conseleite vai mudar. O presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), Jônadan Ma, explica que a forma de cálculo permanecerá a mesma mas, a partir do próximo ano, não será mais publicado o valor de referência do leite padrão. “Vamos adotar um valor médio com duas possibilidades, uma maior e outra menor”.
Com essa alteração, haverá uma mudança no patamar do preço do leite de cerca de 14,5%, o que, segundo Jônadan, refletirá numa maior aderência na curva dos valores do leite em comparação com os preços do Cepea.
O diretor tecnológico do Sindicato das Indústrias de Leite de Minas Gerais (Silemg) e vice-presidente do Conseleite-MG, Yago Silveira, disse que “a atualização demonstrou que no período da pandemia os custos de produção subiram mais do que os da indústria, aumentando a participação da matéria prima no custo final dos derivados. A consequência, segundo ele, é a majoração do valor médio de referência do Conseleite que, de fato, o aproxima dos valores que o Cepea vem publicando ao longo dos últimos meses”, explicou.
De acordo com Yago, a decisão de não se publicar mais o valor do leite padrão deve-se ao fato de que, para seu cálculo, tomava-se como referência o volume de 160 litros, considerado pouco representativo para o Estado, que é o maior produtor de leite do país.
A novidade, na opinião dele, tende a trazer uma dinâmica de mercado mais próxima da indústria, com consequências positivas para os produtores. Ainda segundo Yago, essa proximidade do Conseleite traz maior credibilidade, pois trata-se de uma calculadora importante para o setor de Minas já que leva em consideração o preço e o volume de vendas de todos os derivados. “Ele está mais próximo da realidade do que o próprio Cepea que conta o que aconteceu. O Conseleite, além de fazer o mesmo, traz uma previsão do que está acontecendo no próprio mês. “Esses valores estavam ficando cada vez mais descolados da realidade e sendo cada vez mais contestados”, explicou.
Mudança é resultado de dez meses de trabalho
Então, a partir de fevereiro desse ano, iniciou-se um trabalho com o intuito de mudar isso. Foram dez meses de trabalho contínuo atualizando custos, parâmetros, períodos de levantamento de informações, dimensionamento do sistema de produção, média dos produtores, custos de produção, a fim de se estipular o valor médio em substituição ao valor de referência do leite padrão.
Jônadan Ma acredita que, com essas mudanças, vão ocorrer três fatos muito importantes:
melhoria na previsibilidade do valor do leite, lembrando que o Conseleite não determina preço médio, preço máximo, ele dá uma indicação do valor médio de referência, de acordo com as condições de produção e qualidade, com o objetivo de nortear o produtor e a indústria.
redução de conflitos em função do aumento da confiabilidade da ferramenta
garantia de fornecimento de matéria prima
Tanto produtor quanto indústria, agora, terão uma ferramenta em que podem confiar, muito mais ampla. E essa adoção vai permitir que os produtores e o mercado sejam muito mais harmônicos, tenham maior equilíbrio entre oferta e demanda, evitando-se, assim, situações como a que
Os novos parâmetros adotados estão alinhados com os que foram adotados no Paraná e em Santa Catarina.
O Conseleite é uma associação civil que reúne representantes de produtores rurais e da indústria de laticínios com o objetivo de informar custos de produção, entre outros parâmetros, e obterem valores de referência para o leite e outros produtos lácteos como queijo, iogurte, creme de leite e leite condensado.