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Pesquisa ajuda a identificar mangas com distúrbio do colapso interno

O aroma característico é uma das ‘pistas’ observadas pelos cientistas

Distúrbio do Colapso Interno

Pesquisadores de cinco instituições públicas do país deram um passo importante para entender o chamado colapso interno, um grave problema que afeta os frutos de manga e causa prejuízos econômicos imensuráveis a produtores e comerciantes. O grupo observou que aromas e compostos voláteis podem servir como marcadores para identificar, entre os frutos saudáveis, aqueles que estão com o problema.

Para quem não sabe, os compostos orgânicos voláteis (VOC’s) são componentes químicos presentes em diversos materiais sintéticos ou naturais, e se caracterizam por terem uma alta pressão de vapor, o que faz com que se transformem em gás ao entrar em contato com a atmosfera.

Podemos encontrar os compostos orgânicos voláteis em diversos tipos de materiais de uso cotidiano, como repelentes, produtos de limpeza, cosméticos, inseticidas, carpetes, móveis, cola, combustíveis, marcadores permanentes e até mesmo em pranchas de surf. Resumidamente, todo material sintético que tem algum tipo de cheiro possui VOC’s em sua composição, e podemos encontrá-los também na natureza, quando liberados pelas plantas, nem sempre, necessariamente danosos.

O Colapso

Conhecido como um distúrbio fisiológico, o colapso interno é responsável pelo amadurecimento prematuro, aspecto gelatinoso na polpa da fruta, cor mais escura, sabor mais adocicado, e amolecimento. O problema é observado apenas no momento do consumo, quando os frutos são geralmente descartados, gerando desperdício.

O estudo identificou diferença no aroma, além de detectar, qualificar e quantificar uma série de compostos voláteis na casca e no fruto, que se revelaram indicativos do colapso interno. Os dados mostraram que a cor, a firmeza e os compostos voláteis são importantes para fornecer informações sobre as alterações fisiológicas causadas pelo distúrbio, que ainda não são totalmente conhecidas. Mas é de ocorrência tanto no mercado nacional como no internacional.

Por isso, o estudo dos pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), com a colaboração da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), é fundamental para ajudar a entender o problema.

As variedades Palmer e Tommy Atkins foram citadas por 93% e 76% dos entrevistados, respectivamente, como mais incidentes. De acordo com a pesquisadora, os atacadistas tiveram a percepção de que o tamanho do fruto e teor de fibras poderiam estar associados ao distúrbio, além de fatores externos, como a adubação.

O tamanho maior do fruto foi apontado por 80% dos entrevistados como sendo um dos responsáveis pelo aparecimento do colapso, enquanto 76,7% afirmaram que o teor de fibras é outro fator limitante.

Na visão dos atacadistas, variedades com menos fibras, como a Tommy Atkins, costumam apresentar mais colapso. Mas 90% dos entrevistados acreditam que frutos maduros estão mais associados com o aparecimento do colapso, seguido de adubação (76,7%), tipo de solo (50%), região de produção/origem (46,7%), plantas mais velhas (30%), armazenamento refrigerado (26,7%), clima quente (23,3%), seguido de época de colheita e clima frio, ambos representando 20% das respostas.

De acordo com Oldoni, a percepção dos atacadistas diante de alguns destes fatores corroboram com estudos da literatura, tendo em vista que o baixo teor de cálcio, atraso na colheita e exposição de luz solar na pré-colheita também podem estar associados ao aparecimento do colapso. “Muitas dessas frutas são exportadas ou transportadas internamente em grandes distâncias, com gastos desnecessários para um produto que não será consumido. Dessa forma, pode-se buscar aumentar a eficiência com impactos positivos para o ambiente, evitando que alimentem os lixões, e não pessoas”, afirma a pesquisadora.

Manga é a fruta brasileira mais exportada

De origem asiática, a manga é de grande importância comercial. Do ponto de vista nutricional é uma excelente fonte de antioxidantes e possui níveis significativos de betacaroteno e de vitaminas A e C.

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas de Derivados (Abrafrutas) , em 2021, foram exportadas 270 mil toneladas de mangas, a fruta brasileira mais embarcada para o exterior, tanto em quantidade como em valor agregado, cerca de US$ 248 milhões. O aumento foi de 12% em relação a 2020.

(*) Com informações da Embrapa

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