O reconhecimento da região de Ponte Nova - Vale do Piranga - como Polo de Suinocultura, animou os produtores locais. Eles agora terão um tratamento tributário diferenciado, mais recursos para pesquisas agropecuárias e inspeção sanitária e mais facilidade de acesso à assistência técnica e linhas de crédito em instituições bancárias oficiais. No entanto, a Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg) soltou uma nota oficial dizendo “todo o território mineiro deveria ter sido incluído na lei e que a mesma foi aprovado sem consulta à instituição e que já está trabalhando para que correções sejam feitas.
O suinocultor de Urucânia (um dos municípios beneficiados) José Maria Campos disse que esse era um anseio antigo dos produtores do Vale do Piranga que sofrem por estarem distantes de grandes centros fornecedores de insumos como Goiás, Mato Grosso e a região do Triângulo Mineiro, o que encarece o transporte e impacta ainda mais nos custos. “Além das questões globais, com a guerra da Ucrânia, que já têm impactado bastante nessa matéria”, disse ele.
A expectativa dele é que, com a criação do Polo, seja possível reativar uma antiga linha férrea que ligava a região ao Espírito Santo. “Isso facilitaria a chegada dos insumos e o escoamento da produção”, argumenta. Apesar desse gargalo, o produtor disse que a nova lei chega num momento positivo, de consumo ascendente da carne suína no Brasil e, especialmente, em Minas, o estado que mais consome carne de porco no país, de acordo com o IBGE. “Segundo o instituto, o brasileiro consome, em média, 14kg per capita/ano e o mineiro 26kg per capita/ano, com aumentos significativos a cada ano”.
O produtor atribui o fato ao custo-benefício da carne de porco, frente a outras proteínas e à melhoria da qualidade do produto nos últimos anos. “Graças aos avanços genéticos e à dieta equilibrada oferecida aos animais, a carne de porco tornou-se mais macia, saborosa, com baixo teor de gordura e colesterol. Além disso, o setor produtivo tem desenvolvido ações de marketing, em conjunto com o varejo, como a Semana Nacional de Carne Suína, ocorrida pela primeira vez, em Minas Gerais, entre 1º e 17 de junho e que contribuiu para aumentar a venda em 15% durante o período”.
José Maria é suinocultor há 50 anos. Possui um rebanho de 100 mil cabeças e dois frigoríficos. Por mês, ele entrega cerca de 2.400 toneladas de carne suína para supermercados, açougues e mercearias de Minas, Rio de Janeiro, São Paulo e parte do Nordeste. “O mercado é grande. Ainda temos por onde crescer”, acredita.
Associação quer benefícios estendidos a produtores de todo o estado
A Asemg soltou uma nota oficial parabenizando o Vale do Piranga, no entanto, “entende que todo o território mineiro deveria ter sido incluído neste projeto uma vez que o Estado representa a maior fatia da suinocultura independente no Brasil e todos os suinocultores deste Estado trabalham com afinco e em conjunto fazem do estado o 4º maior produtor do país, sendo responsável por 13% do plantel brasileiro. Reforçamos que já estamos trabalhando para a inclusão de todo território mineiro junto à Lei 24.209, que tramitou, foi aprovada pelos deputados da ALMG e sancionada sem consulta à ASEMG”. O presidente da Associação, João Carlos Bretas Leite, disse que outros polos suinocultores do Estado como os da região de Pará de Minas, Triângulo e Norte de Minas “têm outras particularidades e outros desafios tão importantes quanto os da região de Ponte Nova e que isso precisa ser levado em conta”.
O deputado Thiago Cota (PDT), autor do
Municípios beneficiados
O polo será integrado pelos municípios da Região Intermediária de Ponte Nova, definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São eles: Alvinópolis, Amparo da Serra, Barra Longa, Diogo de Vasconcelos, Dom Silvério, Guaraciaba, Jequeri, Oratórios, Piedade de Ponte Nova, Ponte Nova, Rio Casca, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado, Santo Antônio do Grama, São Pedro dos Ferros, Sem-Peixe, Sericita e Urucânia.