O especialista em submersíveis Karl Stanley participou de uma expedição a bordo do submersível Titan na costa das Bahamas em abril de 2019 e disse, em entrevista ao jornal “New York Times”, que ouviu barulho de estalos que se intensificou ao longo das duas horas de mergulho.
O portal de notícias “Insider” teve acesso aos e-mails que Stanley enviou para Stockton Rush, o CEO da OceanGate – empresa responsável pelo Titan – mostrando que o especialista alertou sobre as preocupações com a segurança da embarcação.
O submersível implodiu no mês passado, matando cinco passageiros que estavam a bordo, incluindo o próprio Rush.
“[Os estalos] soaram como uma falha, defeito, em uma área afetada pelas tremendas pressões sendo esmagada, danificada”, escreveu Stanley.
Rush teria respondido às preocupações: “Nossa análise dos mergulhos anteriores mostra uma redução definitiva nos eventos acústicos, mas ter apenas dados de dois mergulhos de profundidade operacional total não contribui para uma tendência de validação”.
O então CEO da OceanGate disse que a empresa planejava mais “até cinco” mergulhos de 1.200 metros para coletar mais dados sobre os barulhos.
A este e-mail, Stanley respondeu que “Dois a sete mergulhos para testar a operação em profundidade são muito poucos para lançar uma expedição, vendendo ingressos por seis dígitos, no meio do oceano”. E acrescentou: “Acho que 50 é um bom número”, citando a quantidade de testes que realizou com sua própria embarcação.
Stanley opera um submersível turístico em Honduras há 25 anos, mas sua embarcação desce a apenas 600 metros de profundidade, bem menos que os quase 4.000 metros que o Titan costumava descer.
Ele também disse que achava que o casco do submersível Titan tinha algum defeito, após ter ouvido os estalos. “Isso só vai piorar. A única questão em minha mente é se ele vai falhar de maneira catastrófica ou não”, escreveu.
Stockton Rush teria respondido apenas com uma confirmação de que mais testes seriam realizados, mas rejeitou a ideia de conduzir 50 mergulhos-teste.
*Publicado por Fernanda Pinotti, da CNN