Que sintomas e doenças o gengibre pode aliviar no nosso corpo?

Embora o gengibre possa ser encontrado em infusões, bebidas, doces e extratos, a maioria dos estudos clínicos utilizou o pó de raiz seca em cápsulas

Fama do gengibre levanta uma questão crucial para a saúde: qual é o respaldo científico real por trás de seus supostos benefícios?

O gengibre é um dos remédios naturais mais antigos utilizados para tratar desconfortos do sistema digestivo e continua sendo amplamente consumido em diversas culturas. Segundo o The New York Times, seus suplementos estão entre os mais vendidos nos Estados Unidos.

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Contudo, a fama do gengibre levanta uma questão crucial para a saúde: qual é o respaldo científico real por trás de seus supostos benefícios?

De acordo com o Dr. Michael Curley, gastroenterologista do Centro Médico Dartmouth Hitchcock, a pesquisa científica sobre o gengibre é escassa, e a maioria dos estudos é de pequeno porte. No entanto, mesmo que limitada, a evidência disponível sugere que o gengibre pode ser seguro e eficaz para aliviar certos tipos de náuseas e vômitos.

Como o gengibre age no organismo

O potencial efeito terapêutico do gengibre deriva principalmente de dois compostos ativos: o gingerol e o shogaol.

Megan Crichton, pesquisadora especializada no estudo do gengibre na Universidade Tecnológica de Queensland (Austrália), explica que essas substâncias podem bloquear as vias neurológicas que desencadeiam as náuseas, tanto no intestino quanto no cérebro. Dessa forma, elas ajudariam a evitar a ativação do “centro do vômito”.

Pesquisas preliminares também sugerem outra via de ação: a capacidade de acelerar o esvaziamento gástrico, um efeito que o Dr. Keshab Paudel, médico e farmacologista, aponta como possível explicação para a redução da sensação de mal-estar em alguns pacientes.

Casos em que o gengibre demonstrou eficácia

A maior parte dos estudos revisados pelo The New York Times utilizou suplementos de pó de raiz de gengibre seca em cápsulas, e não preparações caseiras. A eficácia foi observada principalmente em três grupos:

  1. Gravidez: Uma revisão de estudos publicada em 2025, envolvendo gestantes que consumiram entre 500 e 1.500 mg de gengibre por dia, mostrou uma melhora significativa na sensação de náusea, embora não na frequência de vômitos.
  2. Pessoas em quimioterapia: Um ensaio clínico de 2024, com cerca de 100 adultos, demonstrou que pacientes que consumiram 1.200 mg de gengibre em pó diariamente – a partir do início da quimioterapia e nos quatro dias seguintes – experimentaram menos náuseas em comparação com aqueles que receberam placebo.
  3. Recuperação pós-operatória: Estudos anteriores também registraram o alívio de náuseas em pacientes em recuperação de cirurgias, embora os dados disponíveis sejam mais heterogêneos.

Onde a evidência ainda é insuficiente

Apesar do uso popular generalizado, os especialistas concordam que faltam pesquisas robustas para afirmar que o gengibre ajuda em outros cenários comuns, como:

  • Gastroenterite
  • Ressaca
  • Enjoo de movimento (cinetose)
  • Indigestão funcional
  • Síndrome do Intestino Irritável

Nesses casos, a evidência científica é praticamente inexistente ou se limita a relatos anedóticos, segundo o Dr. Curley.

Melhor forma de consumo

Embora o gengibre possa ser encontrado em infusões, bebidas, doces e extratos, a maioria dos estudos clínicos utilizou o pó de raiz seca em cápsulas, o que permite um controle mais preciso da dose.

Para usos cotidianos, como chás ou consumo da raiz fresca, não há dados conclusivos que permitam comparar os resultados com os efeitos observados nos ensaios clínicos.

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