Cantarolar reduz o estresse e acalma o corpo, apontam estudos

Técnica simples pode ajudar a relaxar, melhorar a respiração e equilibrar o sistema nervoso

Conhecida como humming, a prática ativa mecanismos naturais do organismo ligados ao descanso

Cantarolar uma música ou fazer um som suave com a boca fechada pode parecer apenas um hábito comum, mas a ciência mostra que esse gesto simples pode ajudar o corpo a relaxar e a reduzir o estresse. Conhecida como humming, a prática ativa mecanismos naturais do organismo ligados ao descanso, à respiração e ao equilíbrio emocional.

Quando uma pessoa enfrenta situações de tensão, o corpo entra no modo de alerta, chamado de luta ou fuga. Nesse estado, o coração acelera, os músculos ficam tensos e a mente trabalha de forma mais agitada. O humming atua no sentido oposto. Ele estimula o sistema nervoso parassimpático, responsável por desacelerar o ritmo cardíaco, promover relaxamento muscular e gerar sensação de segurança.

Pesquisas que analisam a variabilidade da frequência cardíaca, indicador importante da capacidade do corpo de lidar com o estresse, mostram que a prática do humming aumenta esses níveis. Valores mais altos estão associados a maior equilíbrio emocional e melhor controle das respostas ao estresse. Em estudos-piloto, pessoas que praticaram respiração com humming apresentaram mais relaxamento do que aquelas que apenas permaneceram em repouso.

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Outro ponto importante é a estimulação do nervo vago. Esse nervo percorre regiões como o cérebro, a garganta, o peito e o abdômen, e tem papel central no relaxamento do organismo. As vibrações produzidas ao cantarolar enviam sinais de calma ao coração e aos órgãos internos. Uma pesquisa publicada em 2023 mostrou que essa prática gerou os menores índices de estresse e os melhores resultados de variabilidade cardíaca quando comparada a exercícios físicos, situações de estresse emocional e padrões de sono. Os dados indicaram que a ativação do nervo vago atinge seu pico durante o humming.

A técnica também influencia a respiração. Ao produzir o som, há aumento da liberação de óxido nítrico nas cavidades nasais e nos seios da face. Essa substância ajuda a dilatar os vasos sanguíneos, melhora a circulação, facilita a entrega de oxigênio aos tecidos e contribui para a defesa contra inflamações e infecções. Estudos indicam que o humming pode elevar os níveis de óxido nítrico em até 15 vezes em comparação com a respiração silenciosa.

Além dos efeitos físicos, os benefícios mentais e emocionais também chamam atenção. O ritmo repetitivo do som ajuda a interromper pensamentos ansiosos e padrões de preocupação. A vibração constante funciona como um ruído interno suave, favorecendo estados de atenção plena e silêncio mental. Relatos de clínicas de yoga e medicina integrativa apontam redução da ansiedade, melhora do sono e sensação de relaxamento profundo entre praticantes regulares.

Para quem deseja experimentar em casa, a prática é simples. Basta sentar-se de forma confortável, manter a coluna ereta e os ombros relaxados. Com a boca fechada, inspire lentamente pelo nariz e, ao soltar o ar, produza um som suave de “mmm”, sentindo a vibração no nariz, nos lábios e no peito. O som não precisa ser alto. Pesquisas sugerem cerca de seis respirações por minuto, mas períodos curtos de 60 a 90 segundos já mostram efeitos positivos na percepção do estresse e na variabilidade cardíaca.

Apesar de ser considerada segura para a maioria das pessoas, o humming exige cautela em alguns casos. Pessoas com as condições abaixo devem procurar orientação médica antes de iniciar a prática:

  • Quem tem infecções ativas no ouvido, nariz ou seios da face
  • Passou por cirurgia recente nessas regiões
  • Sofre com enxaquecas intensas sensíveis a som ou pressão
  • Possui condições cardíacas ou pulmonares específicas
Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.

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