Segundo o Serviço Meteorológico Nacional (SMN), a previsão para os próximos meses indica mudanças significativas no clima, com a chegada de um fenômeno climático que promete impactar diretamente o inverno. O SMN divulgou seu boletim trimestral, que detalha como será o comportamento das temperaturas e das chuvas entre junho, julho e agosto.
Precipitação deve aumentar em várias regiões
De acordo com o boletim, em condições neutras do fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS) e sem a influência de outros fatores climáticos, há uma probabilidade de 33,3% para cada cenário: dentro, acima ou abaixo da média — o que tecnicamente é chamado de climatologia.
Mas, diferente desse cenário neutro, os dados apontam uma maior chance de precipitações acima da média no litoral sul da Argentina. Também são esperadas chuvas normais ou acima do normal no leste de Salta, centro-oeste de Formosa e Chaco, Santiago del Estero, oeste de Santa Fé, Córdoba, leste de San Luis e leste de Buenos Aires.
Por outro lado, as chuvas devem se manter dentro da média em Corrientes, leste de Formosa, leste de Chaco, sul de Misiones e no extremo sul da Patagônia. Já o leste da Patagônia pode ter volume de chuva normal ou até abaixo do esperado. Cenário semelhante é previsto para o sul de Cuyo e noroeste da Patagônia, onde a tendência é de precipitações abaixo do normal.
Entenda o que é o El Niño
O fenômeno El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, que interfere diretamente nos padrões climáticos de diversas regiões do planeta. Ele faz parte do ciclo chamado ENOS (El Niño-Oscilação Sul), que também possui sua fase oposta, conhecida como La Niña.
No relatório, o SMN explica que o El Niño impacta fortemente regiões como os Pampas e o centro-oeste, onde o volume de chuva costuma aumentar consideravelmente. Esse cenário pode ser benéfico para a agricultura, mas também traz riscos, como enchentes e danos em áreas urbanas.
Para o trimestre de maio, junho e julho de 2025, as previsões indicam temperaturas da superfície do mar na região Niño 3.4 próximas da média, o que mantém as condições como neutras, com probabilidade de 83% de estabilidade. Ainda assim, especialistas alertam que os efeitos do fenômeno já são sentidos e tendem a se intensificar ao longo do inverno.
Impacto direto nas cidades
O boletim meteorológico surpreendeu moradores de diferentes regiões, especialmente da Cidade de Buenos Aires e da Grande Buenos Aires. A previsão é de um inverno mais úmido e com temperaturas mais altas do que o habitual.
Essa combinação traz preocupação para as autoridades locais, que já se mobilizam diante da possibilidade de alagamentos, principalmente em bairros mais vulneráveis e áreas de risco da capital e da região metropolitana. O calor fora de época também pode gerar sobrecarga no sistema elétrico, além de impactar a saúde pública e a qualidade do ar.
Outro fator de alerta é que esse evento climático acontece em um contexto de aquecimento global.
Diante desse cenário, a orientação das autoridades é que a população fique atenta aos alertas meteorológicos, evite deslocamentos durante tempestades e adote cuidados contra o calor, mesmo em meses tradicionalmente mais frios.
Mudanças exigem adaptação urbana
Cientistas e especialistas em mudanças climáticas reforçam que eventos como este podem se tornar cada vez mais frequentes e intensos, caso não sejam adotadas medidas de mitigação em escala global. Na capital argentina, ações como aprimoramento do sistema de drenagem, expansão de áreas verdes e planejamento urbano sustentável são vistas como fundamentais para reduzir os impactos do El Niño.
Mais chuva e mais calor pela frente
O relatório trimestral do SMN para junho, julho e agosto confirma que as chuvas ficarão acima da média na Capital Federal e em áreas como o leste de Salta, centro-oeste de Formosa e Chaco, Santiago del Estero, oeste de Santa Fé, Córdoba, leste de San Luis, leste de Buenos Aires e Entre Ríos.
As temperaturas também devem ficar mais altas do que o habitual em grande parte do país, com exceção de pontos como leste de Salta, centro-oeste de Chaco e Formosa, Santiago del Estero, Córdoba, leste de San Luis e sul do Litoral, onde a tendência é de temperaturas dentro da média.