Estudantes e professores do projeto de extensão Observatório de Finanças Públicas do Sul de Minas (OFPSUL), da UNIFAL-MG, realizaram um diagnóstico da saúde financeira dos dez municípios com os maiores Produtos Internos Brutos (PIBs) da região. O levantamento concluiu que um elevado volume de riqueza não significa, necessariamente, equilíbrio nas contas públicas ou boa gestão fiscal.
A pesquisa foi desenvolvida no campus de Varginha por alunos de Administração Pública, Economia e Ciências Contábeis. Para a análise, o grupo utilizou o modelo de Brown, uma metodologia que avalia dez indicadores distintos, como arrecadação própria, nível de endividamento, capacidade de pagamento e despesas totais.
Os dados, referentes ao exercício de 2024, mostram Varginha no topo do ranking com 12 pontos, seguida por Extrema com 11. No meio da tabela aparecem Guaxupé, Lavras e Passos (8 pontos) e Pouso Alegre (7). Já na extremidade negativa, Alfenas registrou a menor pontuação (-4), acompanhada por Três Corações (-3), Itajubá (1) e Poços de Caldas (2).
Segundo o professor orientador Cláudio Caríssimo, a utilização deste modelo permite enxergar além dos números absolutos da economia local. “Os índices calculados evidenciam se há equilíbrio fiscal, capacidade de pagamento, endividamento, capacidade de arrecadação própria, dentre outros aspectos”, explica o docente no relatório.
A análise revelou que municípios com PIBs até três vezes menores apresentaram condições financeiras melhores que cidades mais ricas, reforçando que a eficiência da gestão é o fator determinante. Em cidades como Passos e Pouso Alegre, por exemplo, o estudo identificou situações de desequilíbrio onde as despesas superaram as receitas.
Além das finanças, o trabalho trouxe dados de desenvolvimento sustentável e exportações. Varginha se destacou como a 14ª maior exportadora do país em 2025 e a única da amostra com alto nível de desenvolvimento sustentável. Extrema, por sua vez, manteve o maior PIB per capita, reflexo de seu polo logístico.
O objetivo central do projeto é promover a transparência e a chamada “accountability vertical”, que é a prestação de contas com responsabilização. Para os pesquisadores, expor esses atos dos gestores públicos é uma forma de permitir que a sociedade civil monitore o uso dos recursos governamentais. O estudo completo pode ser conferido