Empresários do setor de alimentação fora do lar estão otimistas com as vendas de fim de ano no Sul de Minas. É o que aponta uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que também mediu as expectativas no estado e no país.
Na região, o presidente da Abrasel, da SEHAV e da ACIV, André Yuki, aposta no pagamento do 13º salário para movimentar o setor. “Os empresários preveem aumento nas vendas, e essa expectativa supera os resultados registrados em anos anteriores, evidenciando um processo de retomada após períodos de instabilidade. Entre os fatores que tradicionalmente impulsionam o segmento nesta época, destacam-se as confraternizações familiares e corporativas, o pagamento do 13º salário e o turismo regional”, explicou.
André também reforça que os destinos turísticos disponíveis no Sul de Minas mantêm o setor de alimentação fora do lar e o de hotéis e pousadas otimistas com o turismo de fim de ano. É o caso de Monte Verde, distrito de Camanducaia, onde os empresários já preparam o pequeno vilarejo com decorações natalinas e apostam no clima frio para atrair visitantes.
“Estamos nos preparando para receber, este ano, 300 mil visitantes, um aumento significativo no movimento, especialmente nos bares e restaurantes, que estão se preparando para oferecer experiências únicas aos visitantes. O setor de alimentação fora do lar tem um papel essencial nesse ciclo turístico, somos parte da vivência de quem vem aproveitar o melhor da Serra da Mantiqueira”, afirmou o associado da Abrasel Sul de Minas.
Outras cidades da região também vivem o mesmo otimismo. Maira Ferreira, proprietária da Cecy Cozinha Afetiva, de São Lourenço, ressalta que o Circuito das Águas vive um momento muito especial no fim de ano, quando as cidades se enchem de vida, turistas chegam em busca de descanso e boa comida, e isso reflete diretamente no setor.
“A Floresta Iluminada, no Parque das Águas, se tornou um grande atrativo e vem transformando o Natal em uma época ainda mais movimentada, com impacto muito positivo para bares e restaurantes. Além disso, a conquista da água São Lourenço como a melhor água com gás natural do Brasil trouxe ainda mais visibilidade e orgulho para a região”, disse.
Ainda segundo Maira, no Cecy todos se preparam com carinho para esse período, reforçando a equipe e criando experiências que conectam afeto, boa comida e hospitalidade. “O fim de ano é tempo de celebrar e também de ver o comércio e o turismo florescendo juntos. Mais do que vender, é tempo de acolher e encantar quem vem pra casinha”, concluiu.
Dados em Minas Gerais e no Brasil
Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 81% dos empresários acreditam que o faturamento será maior do que no ano passado, impulsionado pelo pagamento do 13° salário, aumento de confraternizações e turismo de fim de ano.
No Estado, 79% das empresas esperam aumentar as vendas no fim de ano. Em comparação com o mesmo período do ano passado, 8% esperam estabilidade, 8% projetam queda e 5% dos estabelecimentos não existiam em 2024.
A pesquisa apontou ainda que 27% dos empresários pretendem contratar mais funcionários nos últimos meses do ano. Outros 63% vão manter o quadro de empregados e apenas 10% têm a intenção de demitir.
De acordo com a presidente da Abrasel em Minas Gerais, Karla Rocha, os resultados mostram que, apesar de desafios como inflação e endividamento, os empresários estão confiantes e preparados para o fim de ano. “Os próximos meses são aguardados com muito otimismo para o aumento nas vendas com as festas de final de ano, as confraternizações e o aumento do poder de compra com o 13º salário”, ressaltou.
Reforço nas equipes para atender à demanda
Com o aumento do movimento, 32% dos estabelecimentos pretendem ampliar o quadro de funcionários, principalmente para cargos operacionais. O principal motivo é o crescimento da demanda no fim de ano (78%), seguido da reorganização administrativa das empresas (28%) e da renovação das equipes (19%).
Entre as funções mais buscadas estão auxiliares de cozinha (70%), garçons (54%), atendentes e cumins (48%) e cozinheiros (42%). Essas posições refletem a necessidade de reforçar a linha de frente e as operações internas para acompanhar o aumento da clientela.
Dificuldades de contratação e estratégias de retenção
Apesar da intenção de contratar, 88% dos empresários relatam dificuldades no processo seletivo, principalmente pela falta de interessados nas vagas (32%) e pela escassez de profissionais qualificados (31%). Cargos que exigem especialização, como sushiman, churrasqueiro, chef de cozinha e gerente, estão entre os mais difíceis de preencher.
Para enfrentar o desafio, os empreendedores têm recorrido a ações para atrair e reter talentos: premiação por desempenho (41%), cursos e treinamentos (20%), flexibilização de horários (19%) e aumento de salários (19%).
Mais do que contratar, é preciso capacitar
O setor de alimentação fora do lar é historicamente um dos que mais oferece oportunidades para quem busca o primeiro emprego. Pesquisa da Abrasel mostra que 92% dos empresários contratam pessoas sem experiência anterior, a maioria jovens entre 18 e 24 anos.
Para o presidente executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, o desafio não está apenas em contratar, mas também em desenvolver e gerir as equipes. “Além da dificuldade de contratar bem, há o desafio de administrar pessoas e garantir que elas se desenvolvam. Por meio do Conexão Abrasel, nossa plataforma gratuita, oferecemos cursos voltados à gestão e qualificação das equipes — dois pilares fundamentais para fortalecer a retenção e a capacitação dos funcionários”, concluiu.