Certificação Inmetro: UFLA leva cachaça brasileira a padrão internacional de qualidade

Professora da UFLA, Maria das Graças Cardoso, dedicou 25 anos à qualificação da bebida, descobriu a origem de um contaminante carcinogênico e agora prepara o setor para a certificação internacional pelo INMETRO.

Pesquisadora Maria das Graças Cardoso, da Universidade Federal de Lavras, a UFLA, dedicou mais de vinte e cinco anos para qualificar e proteger a bebida.

A história da cachaça deu sua maior virada científica no Sul de Minas. A pesquisadora Maria das Graças Cardoso, professora da Universidade Federal de Lavras, dedicou mais de 25 anos à missão de qualificar e proteger a bebida.

Nacionalmente reconhecida como a “Mulher da Cachaça”, a professora e sua equipe foram responsáveis por uma descoberta crucial: a origem do carbamato de etila. Este é um contaminante carcinogênico que, por muito tempo, impediu as exportações da bebida.

Após mais de uma década de pesquisa, o time da UFLA identificou que o precursor do contaminante estava no ponteiro da cana. Bastava remover essa parte para solucionar o problema. Essa descoberta abriu caminho fundamental para a segurança, qualidade e expansão internacional da cachaça brasileira.

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Além da questão do carbamato de etila, a professora liderou orientações técnicas para o controle de metanol e a padronização de destilação. Os parâmetros de filtragem do caldo e a separação correta das frações (cabeça, coração e cauda) são hoje referência nacional.

O próximo passo da pesquisadora é ousado: a certificação oficial pelo Inmetro. Essa aprovação permitirá ao seu laboratório emitir laudos reconhecidos internacionalmente, o que deve transformar a cadeia produtiva nacional. “A certificação vai agregar valor real à cachaça brasileira e fortalecer o produtor. Estamos prontos para esse novo salto”, afirma Maria das Graças Cardoso.

A professora coordena o CRAQC – Centro de Referência em Análises da Qualidade da Cachaça da UFLA, considerado um dos mais completos do país, com equipamentos de ponta como cromatógrafos e espectrômetros. O centro já analisou mais de 400 amostras somente em 2024, vindas de diversos estados.

A consolidação do CRAQC foi resultado de investimento institucional e apoio da FAPEMIG, Políticas Públicas e da FUNDECC, responsável pela gestão administrativa. A professora também é autora da obra “Produção de Aguardente de Cana-de-Açúcar”, a enciclopédia da cachaça, e soma mais de 20 reconhecimentos, incluindo cinco premiações em 2025.

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