Menos festas, mais autenticidade
A frequência em festas e grandes eventos sociais caiu de forma expressiva entre os jovens adultos brasileiros. Desde o final da pandemia, os hábitos de lazer dessa geração foram redefinidos por fatores como aumento da jornada de trabalho, busca por saúde física, mental e desejo de conexões mais significativas. Esse novo comportamento impactou diretamente o guarda-roupa, que agora precisa acompanhar a rotina real e não apenas momentos esporádicos de lazer noturno.
O estudo que explica a mudança
Um estudo internacional publicado na plataforma ResearchGate revelou um fenômeno crescente entre jovens adultos: o chamado “anti-partyism”. Trata-se de um comportamento que expressa rejeição a festas tradicionais em favor de atividades mais introspectivas ou centradas no bem-estar. No Brasil, essa mudança também se manifesta em dados locais: levantamentos informais mostram redução de 25% na participação em festas universitárias em cidades como Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, com aumento de 40% em eventos como encontros em cafeterias e passeios ao ar livre.
Estilo que acompanha o cotidiano
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Com menos espaço para roupas de ocasião única, os jovens priorizam peças confortáveis, ajustáveis e multifuncionais. Itens que antes eram reservados ao lazer noturno, como o blazer cropped ou o vestido justo com brilho, dão lugar a conjuntos que combinam conforto e estilo para o dia a dia. As cores neutras, os tecidos naturais e os cortes amplos ganham relevância. Tudo isso com um toque de individualidade que foge dos clichê de produções elaboradas.
Três grandes movimentos da moda jovem atual
Queda na frequência de festas: mudanças da geração Z na moda e comportamento
1. Streetwear sofisticado: peças como moletons oversized, jaquetas utilitárias e tênis de design robusto são adaptadas com tecidos premium e cores sóbrias. O visual remete à cidade, mas com sofisticação e identidade.
2. Athleisure elevado: leggings com acabamentos em couro fake, croppeds de tricot e camisetas com caimento estruturado criam o visual perfeito para quem sai de casa e volta no mesmo look, com conforto e estilo.
3. Peças híbridas: vestidos que se tornam casacos, blusas com modelagem reversível e calças ajustáveis ao corpo são apostas da moda versátil que acompanha o ritmo mais calmo da nova geração.
Influencers e conteúdo realista
Os criadores de conteúdo também estão alinhados a essa tendência. Muitos deles deixaram de publicar exclusivamente looks para festas ou eventos fechados, e passaram a mostrar o que vestem para trabalhar, cuidar da casa ou encontrar amigos. O conteúdo real, quase sem edição, tem conquistado espaço entre a Geração Z. E isso influencia o que é produzido, divulgado e consumido.
Marcas locais ganham protagonismo
Pequenas marcas brasileiras que surgiram em grupos de WhatsApp ou vendem exclusivamente no Instagram têm aproveitado esse momento para lançar coleções-cápsula com foco em conforto e autenticidade. Essas peças, pensadas para durar e circular entre diferentes ocasiões, ajudam a consolidar um novo tipo de moda jovem que não precisa mais da validação de festas badaladas.
Cidades menores, mesma tendência
O fenômeno não se limita às grandes capitais. Em cidades de porte médio e pequeno, os jovens também têm aderido a uma moda mais simples e menos festiva. Os brechós aumentaram sua relevância, assim como as feiras de moda autoral. A busca é por peças que expressem estilo sem exageros, com função dupla: servir para sair e para ficar.
Conteúdo digital e timing da tendência
A mudança na frequência de festas também alterou a forma como a moda é consumida digitalmente. Os temas que mais geram engajamento hoje são ligados ao cotidiano, não à exceção. Títulos como “looks para encontros no parque”, “como usar moletom com estilo” ou “calça larga no trabalho” possuem maior alcance orgânico que “look para balada”.
Curiosidades que explicam o novo momento
- Mais de 60% dos jovens entrevistados em uma enquete informal de redes sociais disseram preferir eventos diurnos ou pequenos encontros a festas noturnas;
- O estilo de “bastidores reais”, mostrando erros, tropeços e looks sem edição, ganha mais curtidas e compartilhamentos do que fotos posadas em festas;
- Termos como “roupa coringa”, “máximo com mínimo” e “estilo slow” são usados como hashtags por milhares de usuários da Geração Z.