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Não siga seus sonhos. Construa sua história

Sonhos mudam, mas a coragem de construir com consistência transforma qualquer caminho em propósito.

Não siga seus sonhos. Construa sua história

A pressa de querer chegar antes da hora

Durante muito tempo eu ouvi e repeti aquela velha frase: “siga seus sonhos”. Ela parece inspiradora, e talvez seja mesmo em alguns momentos. Mas, com o tempo, percebi que ela também pode ser uma armadilha. Além disso, existe um relógio da vida que não anda no mesmo ritmo da nossa ansiedade. E quando a gente tenta apressar o que precisa de maturação, a frustração chega. Portanto, mais do que perseguir um ideal distante, aprendi que o verdadeiro desafio é construir algo sólido, passo a passo, sem pular as etapas que formam quem realmente somos.

O início de tudo e o valor das pequenas decisões

Quando comecei minha trajetória profissional, eu não sabia exatamente para onde estava indo. Eu só queria dar certo, ser independente, assinar o meu nome em algo que tivesse significado. Além disso, queria ser respeitado talvez esse fosse o sonho que me movia, mesmo que eu não o chamasse assim. No entanto, o caminho não foi feito de grandes viradas, e sim de pequenas decisões diárias. A cada oportunidade que surgia, eu dizia “sim”, mesmo sem saber direito como fazer. Depois, eu estudava, perguntava, aprendia na prática. Dessa forma, percebi que a coragem costuma aparecer quando a gente se compromete com o que faz. E é nessa mistura entre coragem e oportunidade que a história começa a se desenhar.

Aprender com o chão antes de olhar o topo

O início nunca é fácil. No meu primeiro estágio, eu cortava batata, lavava banheiro e fazia o que fosse preciso. Além disso, aprendi ali uma das lições mais valiosas: para saber liderar, é preciso entender o valor do trabalho do outro. Portanto, antes de mandar, é necessário saber fazer. Construir valor exige colocar a mão na massa, errar, tentar de novo e seguir em frente. Assim, entendi que o respeito nasce da prática e que ninguém constrói autoridade sem antes conhecer a base. A jornada é longa, e quem tenta acelerar o tempo perde a chance de amadurecer.

O sonho como armadilha e o poder do processo

Com o passar dos anos, percebi que seguir um sonho pode ser, muitas vezes, uma distração. O sonho, esse ideal grandioso, é moldado e refeito conforme a vida acontece. Viktor Frankl, no livro Em busca de sentido, fala que o propósito não se encontra de forma direta, mas é descoberto nas experiências que vivemos e nas responsabilidades que assumimos. Além disso, ele defende que o sentido nasce quando nos entregamos ao que está diante de nós, com presença e intenção. Portanto, não é o sonho que define o caminho, mas o compromisso com o que escolhemos construir. E, nesse processo, a paixão não vem no início ela floresce quando dominamos o que fazemos e sentimos orgulho do resultado.

Paixão é consequência, não ponto de partida

Aprendi que a paixão raramente surge antes da competência. Ela nasce quando o trabalho começa a fazer sentido e a gerar impacto. Além disso, quando nos tornamos bons em algo, é comum que a paixão venha de forma natural. Portanto, o segredo não está em buscar um grande sonho, mas em desenvolver consistência. Assim, o sonho deixa de ser fantasia e se torna construção. É o cotidiano, e não o ideal, que nos torna melhores.

O tempo, os perrengues e o aprendizado real

Hoje vejo muitos jovens querendo o resultado antes da jornada. Querem o cargo, o reconhecimento, o impacto — mas sem o tempo de estrada. Contudo, é o desconforto que ensina. Além disso, são as situações difíceis, as pressões e até as falhas que moldam o profissional e a pessoa. Portanto, a pressa é inimiga da senioridade. A maturidade só vem com o tempo vivido e com as quedas superadas. Assim, aprendi que a vida tem um ritmo próprio, e quem tenta viver fora dele acaba se frustrando.

As curvas que mudam a direção

Algumas das maiores transformações da minha vida vieram dos caminhos que eu não planejei. Foram convites inesperados, projetos que pareciam pequenos, mas abriram portas imensas. Além disso, foram as pessoas certas, no momento certo, que me ajudaram a enxergar o que sozinho eu talvez não veria. Portanto, seguir um único sonho pode cegar. Assim, aprendi que a vida não se constrói em linha reta ela é feita de encruzilhadas, de encontros, de redes de confiança. Nada se faz sozinho, e saber pedir ajuda é uma virtude que abre horizontes.

O sonho muda e ainda bem

Com o tempo, percebi que oS sonhos que carrego no peito não são um destino, mas uma travessia. Isso mudou, e eu também mudei. Porque a vida não é feita de certezas, mas de ventos que sopram em direções diferentes. E, se a gente tiver coragem de soltar o leme, descobre novos mares dentro de si. Ganhei consciência, aprendi a ouvir o silêncio e entendi que a verdadeira conquista não está em chegar, mas em caminhar com fé no próprio passo. O essencial não é o brilho do troféu, mas a luz que acendemos por dentro quando fazemos o que é certo, mesmo quando ninguém vê.

Entre o sonho e a história que se constrói

Há uma diferença entre ter um sonho e ser possuído por ele. Essa frase me toca, porque a obsessão pelo ideal pode nos cegar para os milagres que acontecem no meio do caminho. Quando deixamos de forçar o destino e passamos a caminhar com humildade, o sonho deixa de ser fardo e volta a ser farol. A estrada, então, revela sua beleza: ela nos ensina paciência, entrega e fé no invisível. No fim, o que permanece não é o que sonhamos, mas o que construímos com verdade, porque é o caminho, e não o sonho, que nos transforma.

Hasta !!

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Profissional de Comunicação. Head de Marketing da Metalvest. Editor do Jornal Lagoa News. Líder da Agência de Notícias da Abrasel. Ex-atleta profissional de skate. Escreve sobre estilo de vida todos os dias na Itatiaia e na CNN Brasil.