A Federação Única dos Petroleiros (FUP) endossou a posição do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, contra o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre exploração de gás natural da estatal.
A entidade encomendou um estudo ao Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), que concluiu ser inviável a ideia que Silveira defende: diminuir a reinjeção do gás natural nos poços de petróleo, especialmente produzido no pré-sal, de modo a ampliar a sua oferta no mercado brasileiro.
A CNN procurou o ministro de Minas e Energias, mas ele não se manifestou.
O episódio reforça o crescente embate na área energética do país.
De um lado, Silveira, filiado ao PSD, apadrinhado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e apoiado por partidos do Centrão e por boa parte do setor privado.
Do outro, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, filiado ao PT e apoiado pelo movimento sindical ligado ao setor petroquímico. Silveira pretende lançar nas próximas semanas um programa para ampliar a oferta de gás no país.
Uma das medidas para atingir esse objetivo seria diminuir a quantidade de gás natural que é reinjetada nos poços de petróleo durante o processo de exploração do óleo. A Petrobras é contra e sua cúpula recorreu ao sindicato para elaborar um estudo que corrobora os argumentos de Prates.
“Concluímos que a redução da reinjeção de gás natural tem obstáculos técnicos, econômicos e ambientais. Primeiro, o Brasil não possui grandes reservas de gás natural e isso dificulta no curto prazo a diminuição da reinjeção. Que, a depender do processo, tem impacto direto na produtividade de petróleo”, disse à CNN o diretor-técnico do Ineep, Mahatma dos Santos.
“Além disso, teria impacto ambiental, pois grande parte dos gases de efeito estufa são emitidos na exploração do petróleo e o gás que é expelido nesse processo ao ser reinjetado tem uma mitigação do dano ambiental, pois ocorre um processo de descarbonização”, completou o diretor-técnico do Ineep.
O especialista da CNN em óleo e gás, Adriano Pires, defende a expansão do mercado interno de gás natural a partir, principalmente, da construção de infraestrutura, para que o gás liberado na extração de petróleo possa abastecer o mercado consumidor brasileiro. “O Brasil tem potencial próprio muito grande nesse mercado”, afirmou.