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Lula irá à Argentina, EUA e China após tomar posse, anuncia novo chanceler

Mauro Vieira concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira (14) e falou sobre relação do Brasil com seus aliados a partir de 2023

Embaixador Mauro Vieira deu primeira entrevista coletiva após ter sido escolhido como novo chanceler

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá visitar Argentina, Estados Unidos e China nos primeiros meses de seu governo, que começa no dia 1º de janeiro. A informação é do embaixador Mauro Vieira, nomeado pelo petista para comandar o Ministério das Relações Exteriores a partir do ano que vem.

Vieira retornará ao cargo que já comandou durante o segundo mandato de Dilma Rousseff (PT). Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (14), na sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, o futuro chanceler anunciou Maria Laura Rocha como número dois da pasta. Atualmente, ela ocupa o cargo de embaixadora na Romênia.

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“Fui instruído a cuidar das primeiras viagens ao exterior. Ele participará da reunião da Celac, na Argentina, e terá, em seguida, uma visita bilateral. Foi convidado pela Argentina e pelos Estados Unidos para uma viagem antes da posse, mas não foi possível. Também está acertada uma visita oficial aos Estados Unidos e China brevemente, no início do mandato, nos primeiros três meses, no máximo”, revelou o novo chanceler.

De acordo com Vieira, Lula o teria instruído a “reconstruir pontes” com outros países, com destaque para a América do Sul e África, além de aliados tradicionais, como Estados Unidos, China e a União Europeia, o que marcou os dois primeiros mandatos de Lula (2003-2010).

“Queremos ter com esses países uma relação intensa, produtiva, mas equilibrada e soberana. Vamos desenvolver, dentro do interesse nacional, todas as possibilidade de cooperação e troca, em todos os sentidos, com esses países”, afirmou.

Outra mudança de postura do governo Lula com relação ao governo de Jair Bolsonaro (PL) é a retomada da presença em fóruns de países latino-americanos, como a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

“O presidente me orientou a retomarmos atividades em alguns fóruns, como a Celac e a Unasul, que tinham sido abandonados. Vamos voltar a esses organismos com um olhar novo. O mundo mudou desde que eles foram criados. Um olhar construtivo, baseado na solidariedade com os vizinhos da região, visando a cooperação entre países em desenvolvimento”, afirmou.

Amazônia

Mauro Vieira também revelou que Lula quer marcar um encontro da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que reúne países onde a Amazônia está localizada: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

De acordo com o futuro chanceler, o encontro deverá ser realizado em uma cidade da região amazônica e pode servir como preparação para a COP-30, em 2025. Durante a realização da Cúpula do Clima, no Egito, em novembro deste ano, Lula pediu ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, para que o Brasil pudesse sediar o evento.

“A partir de 1º de janeiro, tomaremos todas as medidas para sermos o país-sede”, disse Vieira.

Relação com a Venezuela

Ainda durante entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira em Brasília, o novo ministro de Relações Exteriores deu a entender que o governo brasileiro deverá retomar as relações diplomáticas com a Venezuela e o presidente Nicolás Maduro.

Isso porque, durante o governo de Jair Bolsonaro, as relações entre os dois países foram cortadas. O atual presidente chegou a reconhecer o então presidente da Assembleia Nacional do país, Juan Guaidó, como presidente do país.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.