A Prefeitura de Congonhas aplicou multas que somam mais de R$ 20 milhões às mineradoras CSN Mineração, Vale e Ferro+, após o episódio de uma intensa nuvem de poeira que cobriu a cidade no dia 22 de setembro de 2025. A decisão foi tomada após vistorias da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, que constataram emissões excessivas de partículas e falhas nas medidas de controle adotadas pelas empresas. A penalidade foi distribuída em aproximadamente R$ 7 milhões para a CSN, R$ 5,8 milhões para a Vale e R$ 5,8 milhões para a Ferro+, totalizando mais de 3,2 milhões de Unidades Padrão do Município (UPMC).
O episódio, amplamente denunciado por moradores nas redes sociais, gerou forte repercussão em Congonhas e reacendeu o debate sobre os impactos da mineração na qualidade do ar e na saúde da população. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, dias antes do incidente, em 18 de setembro, já havia sido emitido um alerta preventivo às mineradoras devido às condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão de poeira. Mesmo assim, o controle das emissões não foi suficiente para evitar o problema.
Diante do ocorrido, o município anunciou uma série de medidas para reforçar a fiscalização e aprimorar o monitoramento da qualidade do ar. Entre as ações, está a criação da Coordenação de Monitoramento da Qualidade do Ar, que passará a acompanhar em tempo real os níveis de partículas suspensas e emitir alertas preventivos. Segundo a prefeitura, o sistema já teria evitado ao menos oito episódios semelhantes em 2025. Também foi confirmada a implantação do Projeto Atmosfera, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que busca desenvolver soluções científicas e tecnológicas para reduzir a poluição atmosférica causada pelas atividades minerárias.
Além dessas iniciativas, o município vai ampliar a frequência das fiscalizações e exigir das mineradoras planos estruturais de médio e longo prazo para controle de poeira. Está em elaboração um Plano Municipal de Qualidade do Ar, que integrará metas locais com o Plano Estadual de Controle de Emissões Atmosféricas e o Plano de Ações Climáticas de Minas Gerais. As medidas incluem ainda restrições à expansão das operações minerárias até que as empresas comprovem a redução dos índices de poluição e a padronização de respostas a eventos críticos por meio de um sistema integrado de monitoramento.
A discussão sobre os impactos da mineração em Congonhas vem se intensificando nos últimos anos. Aproximadamente 40% do território do município é ocupado por atividades minerárias, e os moradores de bairros como o Pires relatam constantes problemas com a poeira e o trânsito de caminhões pesados. Recentemente, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais promoveu uma audiência pública para discutir a proposta de expansão da mineradora Ferro+, que prevê operações a apenas 150 metros de residências. Ambientalistas e representantes da comunidade alertam para os riscos de agravamento da poluição e da degradação da Serra do Pires, área de grande valor ambiental e cultural.
Os parlamentares estaduais e lideranças locais têm defendido que não se deve autorizar novas ampliações da mineração enquanto persistirem os passivos ambientais e as falhas de controle já identificadas. Eles destacam que a cidade, conhecida por seu patrimônio histórico e por ser um importante polo turístico de Minas Gerais, não pode continuar arcando com os prejuízos ambientais e à saúde decorrentes da atividade extrativa.
As multas aplicadas pela Prefeitura de Congonhas representam um marco na tentativa de impor maior rigor ambiental às empresas que operam na região.