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Cineasta e aluno da UFOP é convidado para falar do cinema negro em universidade nos Estados Unidos

Ben Hur Nogueira ministra aula na Universidade de Binghamton após reconhecimento internacional de seu documentário “Pandeminas”

O cineasta Ben Hur Nogueira, de 23 anos, é estudante de Ciência da Computação na Universidade Federal de Ouro Preto e começou a explorar o universo do cinema em 2015.

Durante a pandemia, após receber uma câmera de presente da mãe, passou a registrar o cotidiano da comunidade e a desenvolver seu primeiro curta-metragem, Pandeminas.

O filme, um documentário informal, apresenta entrevistas com moradores do Morro das Pedras, em Belo Horizonte, intercaladas com cenas da família de Ben Hur e trechos de telejornais que contextualizam o tema abordado.

Pandeminas retrata a atuação dos pais de Ben Hur, ativistas dos direitos humanos, à frente de um projeto de distribuição de alimentos inspirado em um programa de erradicação da fome promovido pelos Panteras Negras nos Estados Unidos.

O trabalho foi destacado em mostras internacionais, recebendo menção honrosa no Varsity Film Expo, no Zimbábue, e sendo exibido na Inglaterra.

O sucesso do projeto levou Ben Hur a ser convidado para ministrar uma aula de sociologia voltada para o cinema negro brasileiro na Universidade de Binghamton, nos Estados Unidos.

Ele falou à Itatiaia sobre o impacto do cinema brasileiro na indústria audiovisual internacional e a representatividade nesse espaço:

“Fico muito feliz com esse momento, pois nunca imaginei que minha trajetória no cinema chegaria tão longe. Estar na Universidade de Binghamton representa muito para mim como cineasta negro e periférico. Essa conquista é coletiva e mostra a força do cinema das favelas, que finalmente ganha espaço e protagonismo. Meu objetivo é seguir ocupando esses espaços e abrir portas para novas gerações, consolidando a Mostra de Cinema Preto Periférico e fortalecendo o cinema nacional”, disse.

Ben Hur é também um dos principais organizadores da Mostra de Cinema Preto Periférico de Ouro Preto e afirma que seu objetivo é aproximar o cinema periférico do cinema tradicional brasileiro.

O cineasta de Belo Horizonte atua na Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) desde julho de 2024 e destacou sua jornada no cinema negro, além da importância da Mostra de Cinema Preto Periférico, que ele também produziu. Ele também falou sobre a produção de seu segundo curta-metragem ‘Arrabalde Corsário’ em homenagem ao diretor Carlos Reichenbach. Para ele, essa é apenas a primeira etapa de uma trajetória que busca consolidar o cinema periférico no Brasil.

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Antônia Veloso tem 25 anos, é ouro-pretana e estudante de jornalismo na Universidade Federal de Ouro Preto. Se interessa por diversas temáticas, como jornalismo cultural, jornalismo político e jornalismo econômico.