A mineradora Vale identificou uma irregularidade no dreno da barragem Forquilha III em Ouro Preto, região central de Minas Gerais. A estrutura está em nível 3 de emergência, o mais alto desde 2019.
Os comitês da bacia hidrográfica do Rio Paraopeba e do Rio das Velhas externaram preocupação com o risco de rompimento da barragem, que atingiria diretamente esses cursos fluviais que são fundamentais para o ecossistema de Minas Gerais.
A Agência Nacional de Mineração informou, por meio de nota, que acompanha a execução do plano de ação elaborado pela Vale para tratamento da anomalia na barragem por meio de relatórios técnicos diários, encaminhados pela empresa.
Está prevista para está sexta-feira (5) uma fiscalização da Vale, quando a mineradora deve realizar uma intervenção para tratamento da anomalia.
Na próxima segunda (8) e terça-feira (9), a Agência Nacional de Mineração, juntamente a outros órgãos públicos, vai até a mina de fábrica para verificar os resultados.
O governo de Minas Gerais, por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e da Fundação Estadual do Meio Ambiente, informou que acompanha de perto a situação da barragem de Forquilha III. As autoridades realizaram, desde o dia 21 de março, duas fiscalizações na região.
Por meio de comunicado oficial, o governo de Minas informou que mantém contato com a Vale, uma auditoria independente e as Defesas Civis municipais da região.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) enviou recomendação para a Vale S/A manter os órgãos fiscalizadores informados sobre a segurança da Barragem Forquilha III e outras estruturas na Mina de Fábrica, em Ouro Preto.
Além disso, o MPMG pede que a Vale forneça informações precisas e acessíveis à população sobre os riscos envolvidos.
Veja a nota do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas na integra:
“O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) vem a público externar a sua profunda preocupação com a estabilidade da barragem Forquilha III, na Mina de Fábrica, em Ouro Preto, da mineradora Vale. Uma anomalia em um dreno da estrutura foi identificada ainda no dia 15 de março, vindo somente ontem (04) a público.
Mesmo com representação da mineradora no Plenário do Comitê, Câmaras Técnicas e Subcomitês, o CBH Rio das Velhas foi surpreendido com a informação sobre a anomalia de maneira informal. Assim, de pronto, o Comitê solicitou em caráter de urgência – à Vale e à FEAM (Fundação Estadual de Meio Ambiente) – esclarecimentos e informações sobre o fato ocorrido e a situação da barragem, de modo que sejam esclarecidos os riscos em relação à estrutura, as causas, impactos e possíveis danos causados nos cursos d’água a jusante, bem como as medidas de contenção, reparação e mitigação que foram e estão sendo adotadas pela empresa.
Este incidente nos causa grande preocupação, não só quanto aos possíveis impactos na sub-bacia do rio Itabirito, importante afluente do Rio das Velhas, como no restante do curso d’água e sua bacia hidrográfica, em especial em relação à captação da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) na Estação Bela Fama, em Nova Lima – em caso de algum eventual rompimento de barragem.
Lembramos que esta captação no Rio das Velhas ocorre a fio d’água, sem reservação e que, portanto, qualquer incidente seria devastador e com impactos catastróficos à segurança hídrica de toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).”
Resposta da Vale
Em nota, a Vale informou que os moradores já foram retirados desde 2019 da área abaixo da barragem, que está em ‘processo de descaracterização’. Veja a nota completa:
“A Vale esclarece que a barragem Forquilha III, na mina de Fábrica, em Ouro Preto (MG), está em nível de emergência 3 desde 2019, com sua Zona de Autossalvamento (ZAS) evacuada.
Adicionalmente, desde 2021, foi concluída uma Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ), que tem Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) positiva vigente e é capaz de reter os rejeitos.
A barragem está em processo de descaracterização e, durante inspeção regular realizada em março, foi identificada uma anomalia em 01 dos seus 131 dispositivos de drenagem. A Vale, prontamente, comunicou aos órgãos competentes e à empresa de auditoria técnica independente, que acompanha as ações na estrutura, e desenvolveu um plano de ação já em implantação para correção da ocorrência.
Os instrumentos instalados para monitoramento da barragem não acusaram alteração nas suas condições e a estrutura segue monitorada 24 horas por dia, 7 dias por semana, pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG) da empresa. A Vale reforça que empreende todos os esforços visando a redução do nível de emergência da estrutura.”