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Sexo e dinheiro: Monge budista do famoso Templo Shaolin está sob investigação na China

A investigação por suspeita de peculato e “relacionamentos impróprios” com mulheres revive alegações de uma década

monge CEO, Shi Yongxin

Abade e diretor do famoso templo Shaolin, considerado o berço do kung fu na China, será destituído do cargo após ter sido investigado por desvio de fundos e “relações inapropriadas” com mulheres, indicou a máxima autoridade budista da China.

Shi Yongxin, de 59 anos, apelidado de ‘Monge CEO’ porque fundou muitas empresas fora do país, é suspeito de “desviar fundos destinados a projetos e bens do templo” e acusado de violar gravemente os preceitos budistas ao manter “relacionamentos impróprios” com várias mulheres por um longo período.

Ele acusado ainda de ser pai de pelo menos um filho, de acordo com a declaração feita pelas autoridades do Templo. Tradicionalmente, espera-se que os monges budistas na China façam um voto de celibato.

De acordo com o comunicado, ele está sob investigação conjunta de vários departamentos.

A Associação Budista da China, supervisionada pelo Partido Comunista, disse nesta segunda-feira (28) que irá cancelar o certificado de ordenação do monge.

“As ações de Shi Yongxin prejudicam gravemente a reputação da comunidade budista e a imagem dos monges”, indicou em um comunicado. Também expressou seu “firme apoio” às iniciativas destinadas a puni-lo “de acordo com a lei”.

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Histórico de Shi Yongxin

Shi Yongxin, de 59 anos, assumiu o cargo de abade em 1999, e nas décadas seguintes contribuiu para a expansão internacional dos estúdios Shaolin, que combinam aprendizagem do budismo zen e a prática de artes marciais.

Yongxin também ajudou o templo a fundar numerosas empresas fora do país, ainda que tenha recebido críticas por seu enfoque considerado muito comercial. Em 2002, foi eleito vice-presidente da associação budista da China e também foi membro da Assembleia Nacional Popular, o maior órgão legislativo do país.

O templo Shaolin, onde era diretor, foi fundado no ano 495. Situado nas montanhas de Henan, ele é considerado o berço do budismo zen e do kung fu chinês.

Acusações anteriores

Shi Yongxin já foi acusado por diversos ex-monges de levar uma vida de luxos. Entre as acusações, Yongxin seria proprietário de uma frota de automóveis luxuosos e teria desviado dinheiro de uma empresa administrada pelo templo.

O caso causou alvoroço nas redes sociais chinesas e, no Weibo, uma palavra-chave relacionada ao escândalo teve mais de 560 milhões de visualizações, segundo a AFP.

Em 2015, o templo negou as acusações da imprensa estatal chinesa, qualificando-as de “calúnias maliciosas”.

Na China, as autoridades controlam diretamente a nomeação de líderes religiosos e seu comportamento considerado “inapropriado” pode levar a sua destituição.

Mestrando em Comunicação Social na UFMG, é graduado em Jornalismo pela mesma Universidade. Na Itatiaia, é repórter de Cidades, Brasil e Mundo