Uma juíza federal dos Estados Unidos derrubou o bloqueio de bilhões de dólares que o governo de Donald Trump tinha imposto à Universidade de Harvard, em uma vitória para a instituição. A decisão foi tomada na quarta-feira (3) pela juíza Allison Burroughs, de Boston, após uma ação da universidade contra as medidas do governo. As informações são da AFP.
Desde janeiro, Trump acusava Harvard de ser um “terreno fértil para a ideologia woke”, termo usado por setores da direita para criticar políticas de diversidade. Ele também dizia que a universidade não protegia seus alunos judeus ou israelenses durante protestos no campus que pediam cessar-fogo na Faixa de Gaza. Harvard negou as acusações e afirmou que o ex-presidente queria, na verdade, interferir em contratações, admissões e currículos.
Como retaliação, o governo havia cortado mais de US$ 2,6 bilhões em verbas federais, incluindo recursos para a área de saúde. Também suspendeu a certificação que permite a estudantes estrangeiros ingressarem em Harvard, o que afetou 27% das matrículas do ano acadêmico 2024-2025.
Na decisão, a juíza Burroughs afirmou que as medidas de Trump violaram a Primeira Emenda da Constituição americana. Ela também proibiu o governo de usar a mesma justificativa para cortar recursos no futuro. A magistrada disse que Trump usou o antissemitismo como pretexto para perseguir universidades de prestígio. Reconheceu que Harvard poderia ter lidado melhor com o problema, mas destacou que não havia ligação entre o cancelamento de verbas e a questão do antissemitismo.
A Casa Branca reagiu por meio da porta-voz Liz Huston, que chamou a juíza de “ativista indicada por Obama” e disse que “Harvard não tem direito constitucional ao dinheiro dos contribuintes”. O governo já anunciou que vai recorrer.
Mesmo com a vitória, especialistas acreditam que Harvard pode buscar um acordo, como fez a Universidade Columbia, que aceitou pagar US$ 500 milhões.
A instituição afirma que tem adotado medidas para que alunos e funcionários judeus ou israelenses não se sintam excluídos ou intimidados e acusa o governo de ameaçar a liberdade de expressão e a liberdade acadêmica.
Harvard não respondeu a um pedido da agência AFP.
*Com informações de AFP