Completam-se nesta quarta-feira (6)
Oitenta anos após o bombardeio, Matsuyoshi Ikeda, que tinha 7 anos na época, conta sobre a forte estigmatização e a discriminação sofridas pelos sobreviventes devido ao contato com a radiação.
“Como foram expostos à radiação, as empresas desconfiavam deles. A maioria dos empregadores achava que não seria uma boa ideia contratá-los, pois não seriam funcionários confiáveis. Poderiam se ausentar com frequência por problemas de saúde graves, como câncer ou leucemia causados pela radiação”, disse ela em entrevista ao g1.
Tomoko Matsuo, de 92 anos, relembra também as acusações e a discriminação enfrentadas por mulheres sobreviventes, já que muitos homens acreditavam que, devido à radiação, elas seriam inférteis.
“Felizmente não foi o meu caso, mas os estudos comprovam de forma incontestável que muitas sobreviventes nunca conseguiram se casar. Os homens imaginavam que, por causa da radiação, elas seriam inférteis. Ou que só poderiam dar à luz bebês frágeis, com saúde debilitada ou malformações, como falta de dedos, por exemplo”, relembra a idosa.
Cerimônia dos 80 anos
Representantes de 120 nações e regiões devem comparecer nesta quarta-feira (6) a uma cerimônia organizada em Hiroshima, conforme autoridades locais. A prefeitura da cidade fez um apelo pelo fim das armas nucleares e das guerras, como as da Ucrânia e do Oriente Médio.
“Apesar da atual turbulência, nós, o povo, nunca devemos desistir”, disse o prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, durante a leitura da Declaração da Paz na cerimônia memorial anual. O evento ocorre um ano após o principal grupo de sobreviventes da bomba atômica no Japão ter recebido o Prêmio Nobel da Paz.
Atualmente, Hiroshima tem cerca de 1,2 milhão de habitantes. No centro da cidade, a estrutura metálica de um domo permanece de pé como memorial do ataque.