Ouvindo...

Morre Pepe Mujica: conheça o Tupamaros, grupo guerrilheiro que o ex-presidente do Uruguai fez parte

Por atuação, como guerrilheiro no grupo, Mujica foi sequestrado e mantido preso pelo exército uruguaio entre os anos de 1973 e 1985

Presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, Pepe Mujica, morto nesta terça-feira (13), fez parte do Movimento de Libertação Nacional- Tupamaros (MLN-T), um grupo estudantil armado que lutava pelos direitos dos trabalhadores do campo e, depois, pelo fim da ditadura.

Por atuação, como guerrilheiro no grupo, Mujica foi sequestrado e mantido preso pelo exército entre os anos de 1973 e 1985.

Com o nome baseado no último imperador inca assassinados pelos espanhóis, Tupac Amaru, o grupo revolucionário surgiu em 1963 fundado por Raúl Sendic, um estudante de direito. Na época, o partido foi formado por trabalhadores agrários e por outros militantes dos grupos de esquerda do Uruguai.

O Tupamaros germinou em um contexto político democrático, no qual os partidos políticos Blanco e Colorado se alternavam no poder e, por muito tempo, garantiram uma certa prosperidade econômica no Uruguai. No entanto, no fim da década de 1950, devido à crise econômica que se instaurou no país, outros grupos políticos se originaram e, com eles, o Movimento de Libertação Nacional- Tupamaros (MLN-T) - que consistia na união armada de diversos levantes que reivindicavam melhores condições de trabalho no campo.

Entrada de Mujica no grupo

Na década de 1960, quando estava próximo dos 30 anos, Mujica se integrou ao grupo e passou a atuar na guerrilha que reivindicava, inicialmente, mudanças sociais. No grupo, ele participou de roubos a bancos e a empresas e distribuía o saque entre a população mais pobre.

Foi com o início da ditadura militar do Uruguai, em 1973, que o grupo passou a enfrentar o regime autoritário e, no mesmo ano, Mujica foi preso junto aos colegas Mauricio Rosencof e Eleutério Fernández Huidobro. Os três foram feitos reféns pelo regime para evitar que os integrantes do movimento que estavam em liberdade cometessem novos atentados.

Durante os anos de luta, o ex-presidente uruguaio levou seis tiros e ficou 15 anos preso - destes 11 em uma solitária. Enclausurado, o político chegou a beber a própria urina para não morrer de sede, além de ter sofrido torturas, comido sabão e perdido os dentes devido às agressões.

Livre, anos depois, em 1994, foi eleito deputado por Montevidéu, depois, em 1999, foi eleito senador. Daí em diante, Mujica iniciou a carreira política que culminou na eleição ao cargo de presidente em 2010.

Leia também

Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento