A Índia atacou o Paquistão nessa quarta-feira (7) e deu início a um conflito entre os dois países. O
Os dois países conquistaram a independência da Grã-Bretanha em 1947. Na ocasião, as duas nações surgiram a partir da turbulenta divisão da Índia Britânica. De um lado, ficou a Índia, com maioria hindu e o Paquistão, com maioria muçulmana. Desde então os países lidam com conflitos recorrentes e já estiveram em quatro guerras.
Depois da Índia ter anunciado os ataques militares na quarta, o Paquistão afirmou ter derrubado cinco jatos da Força Aérea Indiana. Ainda de acordo com o governo paquistanês, todas as 26 mortes foram de pessoas inocentes, incluindo duas crianças. Já o governo indiano informou que 12 pessoas morreram e 38 ficaram feridas em Poonch, devido aos disparos da artilharia do Paquistão.
Diante do conflito, a comunidade internacional pede moderação. O Paquistão, no entanto, promete retaliar os ataques indianos. Já Nova Déli afirmou que os ataques são uma resposta ao massacre de 26 pessoas em abril em um local nas montanhas da Caxemira. Na ocasião,
A região, de maioria muçulmana, é dividida entre os dois países e é um ponto crítico na relação entre a Índia e o Paquistão. O governo Indiano associou a autoria do ataque ao governo paquistanês. Já Islamabad negou participação.
O que iniciou o conflito?
A “Operação Sindoor” foi lançada logo nas primeiras horas da manhã de quarta-feira (7), no horário local. As autoridades indianas afirmaram que nove localidades foram alvos, mas não deram detalhes se alguma instalação civil, econômica ou militar paquistanesa tenha sido atingida.
Ainda segundo o governo indiano, a operação de 25 minutos teve como alvo uma “infraestrutura terrorista”, que pertenceria a dois grupos militantes -Lashkar-e-Tayyiba e Jaish-e-Mohammed.
O nome da operação faria referência a um pó que muitas mulheres hindus usam na testa depois do casamento. O massacre na Caxemira teve homens como principais alvos e deixou muitas indianas viúvas.
O governo paquistanês, no entanto, disse que civis foram mortos e mesquitas foram atingidas na operação. Segundo um porta-voz militar do Paquistão, seis locais foram atingidos com 24 ataques. Alguns deles, segundo o exército paquistanês, atingiram uma província de Punjab densamente povoada.
Islamabad afirmou ainda que esse é o ataque mais intenso que a Índia já realizou ao Paquistão desde 1971, quando os dois países travaram uma das quatro guerras.
Resposta do Paquistão
Como uma resposta aos ataques, fontes de segurança do Paquistão afirmaram ter conseguido abater cinco jatos da Força Aérea Indiana e um drone durante a investida da Índia.
Apesar disso, não houve a divulgação de detalhes sobre como os jatos foram abatidos ou mesmo o local que isso aconteceu. No entanto, Islamabad disse que três jatos Rafale estavam entre eles. Os jatos em questão são ativos militares valiosos que o Paquistão comprou.
A Índia, por sua vez, não confirmou a perda de nenhum avião. No entanto, fotos publicadas pela Agence France Presse (AFP) mostraram destroços da aeronave em um campo ao lado de um prédio de tijolos vermelhos.
Além disso, o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, disse na quarta-feira que o país tem todo o direito de responder ao ataque. O líder pediu ainda para as Forças Armadas do Paquistão vingarem “a perda de vidas paquistanesas inocentes”.
Qual a situação na caxemira?
Ainda nesta quarta-feira, os dois lados também trocaram bombardeios e tiros na Linha de Controle (LOC). A fronteira divide a Caxemira. Os ataques aconteceram poucos dias depois que homens armados abriram fogo contra turistas em Pahalgam, a cerca de 90 quilômetros de Srinagar, região de maioria muçulmana dividida entre Índia e Paquistão.
Diante dos ataques desta quarta, autoridades indianas na Caxemira pediram para que os cidadãos evacuem áreas consideradas perigosas e ressaltaram que acomodação, comida e remédios serão fornecidos.
Os ataques também interromperam voos, com o Paquistão fechando partes de seu espaço aéreo. Além disso, algumas companhias aéreas informaram que houve voos interrompidos no norte do país. A região também teve aeroportos fechados.
O que pode acontecer a seguir?
As três guerras pela Caxemira foram sangrentas; sendo a última em 1999, que matou mais de mil soldados paquistaneses, de acordo com estimativas mais conservadoras.
Desde então, os dois países se enfrentaram diversas vezes, sendo a mais em 2019, quando a Índia realizou ataques aéreos no Paquistão depois de culpar o país por ataque suicida com carro-bomba na região.
Apesar de intensos, os confrontos recentes não escalaram para uma guerra. No entanto, os dois lados sabem dos riscos e, desde 1999, fortaleceram as forças armadas, inclusive com armamento nuclear.
Como o mundo reage ao conflito?
O conflito gerou um certo alarme global e pedidos para que os dois países evitem uma escalada maior. Entre as autoridades que se pronunciaram está o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que expressou “profunda preocupação” com os ataques da Índia, além de ter alertado que o mundo “não pode se dar ao luxo de um confronto militar” entre as duas nações.
Já os Estados Unidos pediram moderação aos dois países na semana passada e disseram que estavam “monitorando de perto os acontecimentos”, segundo um porta-voz do Departamento de Estado.
“Estamos cientes dos relatos, mas não temos nenhuma avaliação a oferecer neste momento”, afirmou o porta-voz na terça-feira. “Esta continua sendo uma situação em evolução, e estamos monitorando de perto os desdobramentos.”
Os Emirados Árabes Unidos, a China e o Japão também pediram que ambos os lados reduzissem a tensão.