Um novo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) revela uma projeção alarmante para o consumo de eletricidade dos centros de dados em todo o mundo. Impulsionado pelo avanço da Inteligência Artificial (IA), espera-se que a demanda energética desses centros “mais que dobre” até 2030. Os dados foram divulgados na última quinta-feira (10).
De acordo com o relatório, essa voracidade por energia é diretamente ligada ao recente desenvolvimento da chamada “IA generativa”, que necessita de imensas capacidades de processamento para lidar com a vasta quantidade de informações armazenadas em gigantescas bases de dados. Em 2024, os centros de dados foram responsáveis por apenas 1,5% do consumo elétrico mundial, totalizando 415 terawatts-hora (TWh). Contudo, o crescimento previsto é exponencial.
A AIE estima que a demanda de eletricidade dos centros de dados no mundo deverá ultrapassar os 945 TWh até 2030. Essa quantidade representa menos de 3% do consumo total de eletricidade mundial atualmente, mas é comparável ao “consumo total atual de eletricidade do Japão. A distribuição dos centros de dados pelo mundo é desigual, concentrando-se em algumas regiões dentro dos países. Essa concentração acarreta desafios significativos em termos de fornecimento e dimensionamento da rede elétrica.
Atualmente, Estados Unidos, Europa e China respondem por cerca de 85% do consumo dos centros de dados.
O diretor-executivo da AIE, Fatih Birol, destacou que essa sede por eletricidade é particularmente notável em países como os Estados Unidos, onde “quase a metade” do crescimento da procura elétrica até 2030 será impulsionada pelos centros de dados. O principal desafio, segundo a AIE, reside em encontrar eletricidade acessível e abundante. O relatório da AIE aponta que “uma ampla variedade de fontes de energia será utilizada para atender às crescentes necessidades elétricas dos centros de dados”, incluindo o carvão, que atualmente fornece 30% da eletricidade dessas instalações.
No entanto, a agência indica que “as energias renováveis e o gás natural devem se importar futuramente devido à sua competitividade em termos de custos e à sua disponibilidade nos principais mercados”. Euan Graham, analista da Ember, corrobora essa visão, enfatizando que “a forma menos custosa de resposta irá acelerar a implementação de energias renováveis como a eólica e a solar, complementadas com o armazenamento em baterias”. Apesar do aumento no consumo de eletricidade, a AIE projeta que a corrida pelos centros de dados resultará em um aumento das emissões relacionadas ao consumo de eletricidade, passando das atuais 180 milhões de toneladas de CO₂ para 300 milhões de toneladas em 2035. Essa parcela, no entanto, representa uma parte mínima (menos de 1,5%) das emissões do setor energético.
A AIE pondera que essas emissões adicionais “podem ser compensadas por possíveis economias de emissões em outras áreas graças a ganhos de eficiências e inovações trazidas pela IA. Contudo, a agência energética da OCDE se mostra cautelosa, pois “a adoção da IA não é garantida e pode ser anulada por efeitos rebote e pelo aumento do consumo de combustíveis fósseis”.