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Cobiçada por Trump, Groenlândia vai às urnas em busca de independência

Coberta em 80% por gelo, Groenlândia é controlada pela Dinamarca e partidos divergem em implementação na busca pela independência

Cobiçada por Trump, Groenlândia vai às urnas em busca de independência.

Nesta terça-feira (11) os moradores da Groenlândia vão às urnas para uma votação que pode ser crucial para o futuro do território ártico. Vale lembrar, que a Groenlândia é controlada pela Dinamarca – a quase 3.000 km (1.860 milhas) de distância – há cerca de 300 anos e as decisões sobre política externa e de defesa são tomadas em Copenhague, a capital da Dinamarca.

A votação deve durar cerca de 11 horas em 72 seções eleitorais e termina às 20:00, horário local, na terça-feira (12) (22:00 G). A localização estratégica da ilha com 57 mil habitantes, e os recursos minerais inexplorados chamaram a atenção do presidente dos EUA, Donald Trump. Vale lembrar, que Trump surgiu em meio ao assunto após comentar sobre querer comprar a Groenlândia durante seu primeiro mandato em 2019.

Desde que assumiu o cargo novamente em janeiro, ele reiterou sua intenção de adquirir o território. Os líderes da Groenlândia e da Dinamarca repetidamente rejeitaram suas exigências. No entanto, ao se dirigir ao Congresso dos EUA na semana passada, Trump novamente reforçou.

“Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional. De uma forma ou de outra, vamos conseguir”, disse ele, provocando aplausos e risadas de vários políticos, incluindo o vice-presidente JD Vance.

Após as falas de Trump, em Nuuk, na capital da Gronelândia, políticos foram rápidos em condená-los. “Merecemos ser tratados com respeito e não acho que o presidente americano tenha feito isso ultimamente desde que assumiu o cargo”, disse o primeiro-ministro Múte Egede.

Ainda assim, o interesse dos EUA alimentou apelos para que a Groenlândia se separasse da Dinamarca, com grande parte do debate focado em quando – e não se – o processo de independência deveria começar.

Centro-esquerda x esquerda

Atualmente, a Groenlândia é governada pelo partido de centro-esquerda ‘Inuit Ataqatigiit’, do primeiro-ministro Múte Egede, no qual defende a independência da Ilha, mas ainda não apresentou um plano concreto para que isso aconteça. O atual governo também apoia medidas mais rigorosas e, até mesmo, a proibição de extração de minerais para evitar riscos ambientais.

A oposição ficou com o partido de esquerda Naleraq, no qual defende uma transição rápida, independente e o fortalecimento da indústria pesqueira. De acordo com a agência Reuters, as pesquisas eleitorais mostram um cenário de indefinição sobre qual será o partido mais votado nas eleições.

Apontando para a saída da Groenlândia da UE e o Brexit, o líder do partido Pele Broberg disse que a Groenlândia pode estar “fora do reino dinamarquês em três anos”.

Naleraq está apresentando o maior número de candidatos e ganhou força surfando na onda de descontentamento com a Dinamarca.

A economia da Groenlândia é impulsionada pela pesca, e os gastos do governo dependem de subsídios anuais da Dinamarca. De acordo com pesquisas recentes, quase 80% dos groenlandeses apoiam mudanças em direção à futura condição de estado.

Cerca de 44.000 pessoas estão aptas a votar. Uma pesquisa descobriu que 85% dos groenlandeses não desejam se tornar parte dos Estados Unidos, e quase metade vê o interesse de Trump como uma ameaça.

Embora o direito da Groenlândia à autodeterminação esteja consagrado na lei pela Lei de Autogoverno de 2009, há várias medidas a serem tomadas antes que o território possa se separar da Dinamarca, incluindo a realização de um referendo. Isso significa que obter independência total pode levar “cerca de 10 a 15 anos”, diz Kaj Kleist, um veterano político e funcionário público da Groenlândia que preparou a Lei de Autogoverno, à BBC News.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.